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Ventos e Chamas

  O luar espreitava timidamente através das copas densas da floresta, lan?ando sombras longas e tortuosas no caminho de Mika Yukimura. A magia pulsava ao redor como se a própria floresta estivesse viva e respirando, carregada de segredos antigos e um poder silencioso. Na mente de Mika, as palavras da árvore sagrada ainda ecoavam, como um sussurro grave e constante, guiando-o a um destino sombrio, mas necessário. Ele avan?ava determinado, com a resigna??o de quem já perdeu tudo e estava disposto a sacrificar o que fosse necessário para salvar o que restava de Elandor.

  Uma brisa repentina balan?ou as folhas, trazendo consigo um som sutil, algo entre um farfalhar e uma risada distante. Mika parou, os sentidos agu?ados. Ele ergueu o arco, preparando-se para qualquer amea?a. Antes, porém, que pudesse reagir, uma voz alegre e ligeiramente sarcástica ecoou acima dele, carregando um tom de divertimento e uma calma intrigante.

  - Ora, ora, o grande arqueiro de Elandor perdido nas fronteiras? N?o sei se é mais trágico ou c?mico. - A voz parecia observar Mika com uma curiosidade mista de sarcasmo e fascínio.

  Mika olhou para o alto e avistou, empoleirado num galho acima, uma figura alada que o observava com um sorriso relaxado. Era uma fada, de pele morena que refletia o brilho do luar, cabelo de um vermelho flamejante e asas de cristal que resplandeciam tons de rubi e dourado, como brasas ardentes. A figura saltou do galho com uma gra?a encantadora, aterrissando ao lado de Mika quase sem som, como se o próprio vento o sustentasse.

  - Ivan Rosett, à sua disposi??o. - Ele fez uma reverência exagerada, e um sorriso ladino surgiu em seu rosto. - Ent?o, Mika, arqueiro do fogo azul, está em uma miss?o suicida, pelo que parece?

  - Quem é você? - Mika respondeu com desconfian?a, ainda analisando o estranho. A figura parecia relaxada, mas os olhos, de um azul vívido e intenso, escondiam uma inteligência agu?ada e uma certa dor.

  Ivan deu de ombros, lan?ando um sorriso que era metade divers?o, metade ironia. - Só um espírito aventureiro que odeia a monotonia e que achou em você uma oportunidade rara. - Ele estalou os dedos, e uma pequena rajada de vento circulou ao seu redor, acompanhada de pequenas faíscas vermelhas que dan?avam na ponta de seus dedos.

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  Mika estudou a magia. A leve mistura de vento e fogo nos movimentos de Ivan era incomum; seu domínio parecia quase intuitivo, como se brincasse com os elementos. Mesmo com a atitude despreocupada, Ivan demonstrava controle absoluto, o que instigou Mika a ser direto.

  - Eu tenho um reino para salvar, e n?o tempo para brincadeiras. Se está aqui para atrapalhar, será melhor seguir outro caminho.

  Ivan inclinou a cabe?a, e o sarcasmo deu lugar a um olhar sério e curioso. - Fala como se eu n?o soubesse o que é perder um lar. - Ele pausou, e o brilho de suas asas diminuiu um pouco, revelando uma ponta de tristeza. - Meu reino já foi consumido pelas sombras de Kuroshi. Minha terra... n?o existe mais.

  Por um breve momento, o silêncio envolveu os dois. Mika sentiu um lampejo de empatia, como se o peso da perda de Ivan se juntasse ao seu próprio fardo. Ivan desviou o olhar, mas logo recuperou o sorriso provocador.

  - Ent?o, já que estamos todos lidando com tragédias, pensei que poderia acompanhar você nessa miss?o. Posso ser uma distra??o irritante, mas também sou incrivelmente talentoso com vento e fogo - disse ele, uma pequena chama vermelha acendendo na ponta de seus dedos antes de apagar com um sopro leve.

  Mika hesitou, mas havia algo em Ivan, algo que parecia mais do que sarcasmo e leveza. Aquele guerreiro alado, cuja dor se escondia sob um véu de brincadeiras, era mais do que aparentava. E Mika sabia que qualquer ajuda que pudesse equilibrar o poder de Kuroshi seria bem-vinda.

  - Se estiver disposto a lutar, e se puder conter... o excesso de piadas, sua ajuda será bem-vinda. Mas saiba que o caminho à frente n?o será fácil.

  Ivan ergueu uma sobrancelha, um brilho de desafio nos olhos. - E quem disse que eu espero facilidades? - Ele piscou. - Ah, e só para constar, eu sou comprometido, ent?o nada de se apaixonar por esse meu charme irresistível.

  Mika, pela primeira vez em muito tempo, soltou uma risada leve. - Vou tentar resistir, Ivan.

  A dupla seguiu pela floresta, e enquanto caminhavam, Ivan contou histórias. Muitas eram engra?adas, algumas trágicas, mas uma delas fez Mika parar.

  - Kuroshi levou tudo - disse Ivan, sua voz perdendo o tom despreocupado por um instante. - Inclusive minha irm?. Hanari... Ela era t?o teimosa quanto brilhante. Eu ainda n?o sei o que aconteceu com ela depois da invas?o. Mas... - Ele hesitou, respirando fundo. - Se ela estiver viva, eu a encontrarei. De alguma forma.

  - Nós a encontraremos - respondeu Mika, sério, sentindo o peso daquela promessa.

  Mais à frente, a floresta come?ou a parecer menos acolhedora. A luz da lua desapareceu entre as nuvens, e o vento trouxe um cheiro de podrid?o. Ivan olhou para Mika, suas asas tremulando.

  - Estamos entrando no território dele, n?o estamos? - perguntou Ivan, em um sussurro.

  Mika apenas assentiu, sua m?o segurando firme o arco. Eles seguiram em silêncio, cientes de que estavam sendo observados.

  Algo aguardava nos confins daquela floresta, algo que talvez mudasse o curso da jornada. Mas, por enquanto, Mika e Ivan apenas caminhavam, suas chamas e ventos prontos para enfrentar o que viesse.

  E, nas sombras, algo os espreitava.

  (Continua...)

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