Já haviam se passado algumas semanas desde a batalha brutal contra o Lorde das Sombras. O sangue ainda parecia fresco nas memórias de Leon. Ele se lembrava de cada grito, cada impacto, e do instante em que a escurid?o dentro dele o consumiu — e o salvou.
Agora, a base dos Saqueadores estava se reconstruindo. Os corredores, antes danificados, já estavam quase todos restaurados. Médicos corriam de um lado para o outro, enquanto os jovens heróis se recuperavam físicamente e mentalmente.
Leon, no entanto, passava por algo diferente. O treinamento com Zeke, após a luta, havia se intensificado. Mas algo dentro dele estava mudando. Seus sentidos estavam mais agu?ados, sua for?a aumentava a cada semana e seus reflexos estavam ficando sobre-humanos. Ele já conseguia correr a mais de 100 km/h em curtas distancias. Ainda se lembrava do dia em que quebrou acidentalmente uma parede da sala de treinamento apenas por encostar com for?a.
Zeke o observava, sempre em silêncio.
— Você ainda n?o entende o que é — dizia Zeke. — Mas seu corpo está se adaptando. Você n?o é apenas um portador de um poder... você é um Super.
Isabelle também evoluía ao lado de Leon. Seus poderes, que antes pareciam instáveis, estavam cada vez mais parecidos com os de uma arquiteta da realidade. Ela podia moldar estruturas ao seu redor, erguer muros, criar armas sólidas e até manipular o espa?o em sua volta por alguns segundos. Mas o que mais impressionava era seu controle emocional — ela nunca se deixava levar. A frieza dela contrastava com a impulsividade de Leon.
— Você ainda tá pensando na luta contra o Lorde, né? — Isabelle perguntou numa tarde, enquanto observavam os novos recrutas treinando.
Leon assentiu.
— Aquilo... n?o era o meu limite. Eu senti. Tem algo a mais.
Ela sorriu, encostando o ombro no dele.
— Ent?o você precisa ir até o fim. Porque isso... é só o come?o.
Os outros também estavam em evolu??o. Theo estava desenvolvendo controle sobre energia cinética. Davi havia despertado habilidades de manipula??o de campos gravitacionais e Luna podia alterar estados emocionais — o que se mostrava essencial em batalhas intensas. Cada um treinando com um mentor entre os Saqueadores veteranos.
Mas nada os preparava para o que viria.
O Lorde das Sombras havia sido derrotado, mas os ecos de sua existência ainda reverberavam na Terra. E seus irm?os — os outros cinco Lordes — já estavam se movendo nas sombras.
Enquanto Leon corria por uma trilha de treinamento, ultrapassando os limites do humano, sentiu uma press?o no peito. Algo estava vindo. Algo muito maior.
E o mundo ainda n?o fazia ideia do que estava prestes a acontecer. O amanhecer na base dos Saqueadores era silencioso, mas carregado de tens?o. Após a batalha brutal contra o Lorde das Sombras, os cinco jovens — agora oficialmente parte dos Saqueadores — acordavam para uma nova rotina. Uma rotina que misturava medo, for?a e propósito.
Yuki os levou até a área de treinamento. Uma porta metálica se abriu, revelando uma sala completamente branca. N?o havia gravidade normal ali. Nem tempo. A estrutura era criada para se adaptar ao poder de quem a usasse.
— Bem-vindos à sala de guerra — disse Yuki. — Aqui, vocês v?o entender quem realmente s?o.
Leon com Zeke
Zeke lan?ou uma barra de a?o com tanta for?a que ela afundou no ch?o.
— Levanta isso. Com uma m?o só.
Leon tentou. A barra quase arrancou seu bra?o fora. Seu sangue escorreu pelo pulso. Zeke apenas cruzou os bra?os.
— Você n?o é humano comum, Leon. Comece a agir como quem vai destruir deuses.
Nos treinos seguintes, Leon corria contra rajadas cortantes, carregava pesos absurdos e tinha que reagir a ataques surpresa que vinham de todos os angulos. A cada erro, um corte. A cada acerto, mais dificuldade. Ele sentia seus músculos rasgarem e regenerarem com mais velocidade a cada dia. Come?ava a sentir que havia mais em seu corpo. Algo puro. Algo devastador.
Isabelle com Lian
Lian era fria, direta. O treino com Isabelle n?o era físico. Era mental. Reconstru??o de matéria, manipula??o de energia, e cria??o a partir do nada. Cada exercício exigia dela foco absoluto. Sangue escorria do nariz e ouvidos quando errava, mas mesmo assim, Isabelle sorria no fim.
— Você tem o poder da reconstru??o, Isabelle. Mas também pode destruir, se n?o souber quem você é.
Theo com Kael
Kael era brutal. Fez Theo lutar com os olhos vendados, com pesos nos bra?os e pernas, e contra ilus?es. Theo despertava uma for?a explosiva, capaz de lan?ar ondas de impacto com os socos. Mas n?o conseguia controlar. Era como lutar com um furac?o dentro de si.
— Se você n?o focar, vai matar quem quiser salvar — Kael dizia, após cada treino.
Luna com Arien
Luna treinava em silêncio. Seu poder ainda era um mistério, mas Arien insistia em medita??o for?ada e luta cega.
— Sua mente é a chave, Luna. Você enxerga o que ninguém vê. Mas isso também vai te destruir se n?o aprender a filtrar.
Ela come?ou a sentir a presen?a de pessoas a quil?metros. Come?ou a ver acontecimentos antes que eles viessem. Era assustador, mas Arien a guiava com firmeza.
Davi com Ezra
Ezra ensinava táticas, mas também combate real. Davi aprendeu a prever padr?es de movimento e usar o poder de manipula??o de matéria para refor?ar seu corpo. Certa vez, teve os dois bra?os quebrados e ainda assim venceu a luta.
— O mais perigoso n?o é quem grita… é quem pensa.
Todos sangravam. Todos choravam. Todos se levantavam.
O instinto estava sendo forjado no fogo.
E no horizonte… algo antigo observava.
Enquanto isso em um lugar distante... A sala continuava em um silêncio denso, com o peso da derrota do Lorde das Sombras pairando no ar. Os Lordes, apesar de suas habilidades e de sua autoridade, estavam visivelmente desconfortáveis com a ideia de que um ser humano poderia ter derrotado um dos seus.
Lorde da Escurid?o — Sua voz grave estava carregada de frustra??o, os passos pesados ecoando no sal?o. — O Lorde das Sombras... morto. Nunca pensei que veria o dia em que um mortal pudesse destruir um dos nossos. Como ele conseguiu isso?
Lorde das Trevas — Com um sorriso sombriamente cínico, ele observava os outros, mas sua express?o era marcada pela dúvida. — Ele n?o destruiu o Lorde das Sombras. Ele apenas o superou. O garoto é mais forte do que imaginávamos. E a quest?o n?o é mais se ele pode ser derrotado, mas quando ele vai se tornar uma amea?a real... para todos nós.
Lorde do Medo — Caminhava em círculos, mais inquieto do que o normal, seu olhar fixo nos outros. — é isso que me assusta. Ele n?o é só forte, ele desperta o medo. Ele manipula a escurid?o de uma forma que eu nunca vi antes. Se ele continuar assim, n?o só vai nos derrotar, mas vai nos destruir por dentro. O Lorde das Sombras caiu porque o subestimaram, e nós, parece, estamos cometendo o mesmo erro. Esse garoto tem o poder de vir atrás de nós.
A Morte — Sua presen?a no centro da sala era opressiva. Mesmo em um ambiente cheio de poderosos seres, ele era o único que realmente irradiava uma sensa??o de total invencibilidade. Sua voz, como sempre, soava calma, mas com uma autoridade esmagadora, capaz de abalar a alma de qualquer um. — O garoto... Leon, n?o é? Ele pode ser um problema, sim, mas é importante lembrar que ele ainda n?o compreende a totalidade do seu poder. Ele é forte, mas n?o mais do que um humano comum. Sua ignorancia é sua fraqueza. E mesmo que ele tenha derrotado o Lorde das Sombras, isso n?o faz dele uma amea?a imediata.
Lorde da Escurid?o — Hesitou por um momento, refletindo nas palavras de A Morte, mas n?o conseguiu esconder sua inquieta??o. — Você fala como se fosse fácil, mas o fato é que ele já derrotou um de nós. Mesmo que n?o entenda o seu potencial, ele ainda conseguiu nos vencer. O que nos impede de acreditar que ele possa crescer ainda mais forte?
Lorde das Trevas — Olhou para A Morte, com um sorriso perverso, mas também com respeito. — Talvez... Mas como sempre, você é a resposta para tudo. Se ele se tornar uma amea?a real, sabemos que você pode lidar com ele. Nenhum humano, n?o importa o qu?o forte, pode desafiar um dos seis. Menos ainda você, A Morte.
A Morte — Ele permaneceu imóvel, mas seu olhar frio n?o deixava dúvida sobre sua capacidade de destrui??o. — Exatamente. Eu sou um milh?o de vezes mais forte do que esse garoto pode um dia ser. Ele é uma mosca irritante, que podemos esmagar a qualquer momento. Se ele chegar perto de me desafiar, ele irá conhecer o verdadeiro significado do poder. Até lá, n?o há raz?o para nos preocuparmos com ele.
Lorde do Medo — Ainda com uma express?o de dúvida, ele se aproximou de A Morte. — E se ele se tornar algo maior, mais perigoso do que podemos prever? N?o subestime o que ele pode alcan?ar, o potencial dele é algo que n?o podemos medir com nossas percep??es limitadas.
A Morte — Sua voz, apesar de ser calma, tinha o peso de mil trov?es. — Ele n?o vai chegar lá. E, se por alguma raz?o ele o fizer, estará diante de mim. E isso será seu fim. N?o há humano algum que possa derrotar a Morte.
Lorde das Trevas — Com um sorriso sombrio, ele se acomodou em uma das cadeiras. — Ent?o, nossa prioridade agora é impedir que ele se desenvolva ainda mais. Vamos eliminar esse pequeno obstáculo antes que ele tenha chance de crescer.
A Morte — Olhou para todos, como se estivesse observando uma presa antes de se lan?ar sobre ela. — Sim. Ele será facilmente destruído... quando for a hora. Mas enquanto ele n?o for uma amea?a, vamos focar nas coisas mais importantes. A guerra ainda n?o come?ou de verdade, e o tempo de Leon ainda está por vir.
-Voltando para a sede dos Saqueadores- A rotina de treinamento se tornou algo quase mecanico para Leon. Cada dia era uma busca constante por limites e uma tentativa de superá-los. Com Zeke, Isabelle e os outros saqueadores ajudando, ele foi empurrado cada vez mais fundo em sua jornada para descobrir seu verdadeiro potencial. Mas algo dentro de Leon estava mudando.
Nos primeiros dias, ele sentiu uma dor imensa. O corpo esticado e esgotado pelos treinos extenuantes. Mas, a cada novo esfor?o, Leon sentia a for?a dentro de si aumentar. N?o eram apenas os poderes de escurid?o que ele controlava, mas algo mais profundo. Algo visceral e humano. Ele estava ficando mais forte, mais rápido e, surpreendentemente, mais resistente. Seus reflexos come?aram a se tornar quase sobre-humanos, e ele percebeu que seus sentidos estavam mais agu?ados a cada movimento.
Era mais do que treino físico. Era como se seu corpo estivesse se reconfigurando, moldando-se para algo maior. No entanto, quanto mais ele se desenvolvia, mais ele sentia a press?o aumentar. N?o só de seus mestres, mas de sua própria mente. Ele n?o queria ser o “cara normal” que os outros viam, ele queria ser mais. Algo mais forte, mais imbatível.
Dia do Treinamento – Hora do Confronto
Zeke estava de pé, com os bra?os cruzados e um sorriso desafiador nos lábios, observando Leon. Ele estava um pouco mais sério do que de costume.
— Hoje, Leon, o treino será diferente — Zeke disse, sua voz mais grave, como se ele soubesse que o momento havia chegado.
Leon respirou fundo. Ele sabia que Zeke o estava levando a um ponto de teste. Mas, ao contrário de todos os outros treinos, algo dentro dele estava se preparando para isso. Como se todo o esfor?o, todo o suor, estivesse se acumulando para esse exato momento.
Zeke deu um passo à frente, os olhos brilhando com um desafio.
— Eu quero ver se você realmente evoluiu. Vamos ver se você pode me alcan?ar.
Sem mais palavras, Zeke avan?ou rapidamente em dire??o a Leon. Ele estava rápido, mais rápido do que Leon imaginava. Zeke deu um soco direto, mas Leon, de maneira instintiva, conseguiu se esquivar. N?o foi algo que ele planejou, foi algo natural. Ele apenas sentiu o movimento e reagiu.
Mas Zeke n?o estava para brincadeiras. Ele imediatamente se reposicionou e tentou um chute na altura do tronco de Leon, que, dessa vez, n?o teve tempo de se esquivar. O impacto foi brutal, mas Leon aguentou. A dor? Ele sentiu, mas n?o parou. Ao contrário, ele sentiu a energia crescente em seu corpo, a adrenalina acelerando seu cora??o.
Ele deu um passo para trás, sem realmente pensar, e ent?o come?ou a atacar.
Cada golpe de Leon estava mais forte, mais rápido. Ele sentia como se o tempo tivesse desacelerado, seus reflexos mais agu?ados, e cada movimento de Zeke fosse mais fácil de antecipar. Era como se seu corpo soubesse exatamente o que fazer.
Zeke recuou por um momento, surpreso com a velocidade e a for?a que Leon estava demonstrando. Ele nunca tinha visto o garoto t?o imponente.
— N?o foi um golpe ruim, mas... você ainda está um passo atrás — Zeke disse, sorrindo. Ele estava claramente gostando dessa nova vers?o de Leon.
Mas Leon, agora focado, n?o respondeu. Ele n?o estava mais preocupado em competir com Zeke; ele estava preocupado em superar seus limites. Quando Zeke atacou novamente, Leon conseguiu reagir ainda mais rápido. Ele desceu, esquivou-se de um soco e, de forma instintiva, lan?ou um golpe direto para o rosto de Zeke.
O impacto foi forte o suficiente para fazer Zeke recuar, mas ele se manteve firme, sorrindo com respeito.
— Está come?ando a ficar interessante, Leon.
Leon respirava pesadamente, seu corpo queimando com a exaust?o, mas algo dentro dele estava se acendendo. Ele estava em um ponto de ruptura, onde seus limites estavam sendo desafiados e, pouco a pouco, ele estava ultrapassando-os.
A luta entre os dois se intensificou, com Zeke usando suas habilidades em combate e Leon respondendo com uma ferocidade crescente. O que come?ou como um simples treino de for?a se transformou em uma verdadeira batalha, onde cada golpe era mais preciso, mais doloroso e mais cheio de inten??o.
O suor escorria pelo rosto de Leon, mas ele n?o parava. O cansa?o, a dor, tudo isso desaparecia conforme ele se concentrava mais. Zeke, por sua vez, estava come?ando a se preocupar. Ele sabia que Leon estava indo além do esperado, e isso n?o era algo fácil de lidar.
Leon deu um passo à frente, um movimento final que parecia ser o ápice do seu treinamento. Ele concentrou toda a sua energia e atacou com um soco t?o rápido e t?o forte que Zeke mal teve tempo de reagir.
O golpe acertou Zeke no peito, e ele foi jogado para trás, caindo no ch?o, um pouco atordoado.
Leon ficou parado por um momento, respirando com dificuldade, mas sentindo uma satisfa??o interna. Ele n?o havia vencido, mas estava come?ando a entender o que o tornava diferente.
Zeke se levantou lentamente, olhando para Leon com um sorriso satisfeito.
— Isso foi... impressionante. Mas ainda há muito o que aprender, Leon. Mas você está no caminho certo.
Leon olhou para Zeke, sua express?o focada. Ele sabia que o treinamento estava apenas come?ando, e que o verdadeiro desafio estava por vir. Mas naquele momento, ele sentia algo que nunca tinha sentido antes: o poder real dentro dele come?ando a despertar.
Ato II: O Despertar da Fúria
Era uma noite tranquila na sede dos Saqueadores. Leon e Isabelle estavam sozinhos em uma área afastada, onde o silêncio da noite só era quebrado pelo som de suas respira??es e o ocasional vento que passava entre as árvores.
Leon, ainda tentando controlar sua crescente for?a, olhou para Isabelle com um sorriso genuíno. Ele sentia que, cada vez mais, ela era a única pessoa com quem poderia compartilhar o peso de tudo o que estava vivendo.
— Isabelle... — Leon falou suavemente, olhando nos olhos dela. — Você tem sido mais do que uma amiga para mim. Tem sido a pessoa que me ajuda a entender o que estou me tornando. E eu... Eu n?o sei o que faria sem você.
Isabelle sorriu de volta, seu olhar era profundo, mas também revelava um toque de ternura. Ela se aproximou de Leon, colocando uma m?o sobre o peito dele, sentindo o ritmo acelerado de seu cora??o.
— Leon, você n?o tem que fazer nada sozinho. Eu estou aqui com você... sempre estarei. N?o importa o que aconte?a.
Eles se aproximaram, e o clima entre os dois se intensificou. A conex?o era inegável. Eles estavam prestes a se beijar, mas algo os interrompeu. Um som abafado de passos pesados, seguidos de uma presen?a sombria que parecia se materializar no ar.
Antes que pudessem se mover, o Lorde da Escurid?o apareceu diante deles. Ele era uma figura imponente, com uma capa negra que parecia engolir a luz ao seu redor. Seus olhos brilhavam em um tom de vermelho sangue, e sua presen?a emanava um poder macabro.
— Ah, que cena encantadora... — disse o Lorde com um sorriso cruel, aproximando-se lentamente de Leon e Isabelle.
Isabelle, assustada, tentou se afastar, mas o Lorde da Escurid?o foi rápido. Ele estendeu uma m?o e, num estalar de dedos, uma onda de energia escura a atingiu, fazendo Isabelle cair ao ch?o, incapaz de se mover. Ela tentou lutar, mas a press?o da escurid?o a paralisava.
— Isabelle! — Leon gritou, tentando correr até ela, mas o Lorde da Escurid?o levantou a m?o, criando uma barreira de pura escurid?o que o impediu de avan?ar.
Com um sorriso torto, o Lorde se aproximou de Isabelle, que estava aterrorizada. Ele a segurou pelos ombros, for?ando-a a olhar em seus olhos vermelhos.
— Você tem algo que ele nunca vai entender, menina. Você é frágil... E será o primeiro pre?o a pagar por ele tentar desafiar os Lordes. — O Lorde disse, seu tom era gelado.
Aquelas palavras eram cruéis, mas o pior ainda estava por vir. Com um gesto suave, o Lorde da Escurid?o tocou o pesco?o de Isabelle, e a escurid?o se espalhou como uma doen?a, envolvendo seu corpo. Ela gritava em dor, mas as for?as que a atacavam eram irreversíveis.
Leon tentou se levantar, seu corpo tremendo de raiva, mas as correntes de escurid?o ao seu redor o mantinham preso. Ele sentiu uma press?o no peito, como se algo estivesse quebrando dentro dele.
Foi quando o Lorde da Escurid?o virou para ele, com uma express?o de desprezo.
— Eu vou terminar o que comecei. — O Lorde falou. Em seguida, lan?ou uma onda de energia negra que atingiu Leon diretamente no peito. Ele caiu no ch?o, os olhos cheios de dor. O impacto foi forte, quase fazendo-o perder a consciência.
A última vis?o de Leon foi a de Isabelle sendo deixada para trás, com seu corpo imóvel e a express?o de dor ainda gravada em seu rosto. Ela estava à mercê da escurid?o, e ele n?o poderia fazer nada.
— Morra, Leon... — O Lorde disse, afastando-se. — Você nunca deveria ter se levantado.
Com um último olhar para Isabelle, o Lorde da Escurid?o se virou e come?ou a desaparecer, com uma risada baixa ecoando ao fundo.
Mas ent?o, algo mudou. O corpo de Leon tremia, e um calor intenso come?ou a subir do seu interior. Ele sentiu uma for?a crescente em seu peito, algo que ele nunca havia experimentado antes. Um poder escuro, mas também algo mais... algo que ele n?o compreendia. Ele gritou, sentindo uma dor insuportável, mas também uma fúria imensa.
Quando o Lorde da Escurid?o estava prestes a sair, Leon, com seus últimos vestígios de for?a, usou um dos seus núcleos.
Uma explos?o de energia preencheu o ambiente. A escurid?o ao redor dele se desfez em um instante, e Leon, agora imerso em uma aura negra brilhante, se levantou. Seus olhos estavam iluminados, sua velocidade e for?a aumentadas a níveis imensuráveis. Ele sentia seu corpo e sua mente se expandindo.
O Lorde da Escurid?o se virou, surpreso com a transforma??o de Leon. Ele nunca imaginou que alguém pudesse voltar t?o forte depois de ser derrotado.
— O que...? — O Lorde come?ou, mas n?o teve tempo para reagir.
Leon se lan?ou em sua dire??o com uma velocidade impossível de acompanhar. O Lorde tentou defender-se, mas foi inútil. Com um único soco, Leon atravessou a barriga do Lorde da Escurid?o, e um jato de sangue explodiu para fora de seu corpo. O impacto foi brutal, deixando uma enorme cratera onde o soco havia atingido.
O Lorde da Escurid?o gritou, seu corpo sendo dilacerado pela for?a de Leon. Ele tentou recuar, mas a energia de Leon era implacável. Mesmo com a gravidade da ferida, o Lorde ainda tentou escapar, teleportando-se para longe, mas n?o antes de deixar para trás uma última amea?a.
— Isso n?o acabou, garoto... — a voz do Lorde ressoou, mas já era tarde demais. Ele havia desaparecido.
Leon caiu de joelhos, exausto e coberto de sangue. Seu corpo estava em frangalhos, mas ele ainda estava vivo. Ele olhou para Isabelle, que ainda estava desacordada, e sentiu sua dor, seu desejo de protegê-la. Com dificuldade, ele se arrastou até ela, usando os restos de sua for?a para levá-la até a área médica. Ato III: Renascido em Fúria
Após o teleporte de emergência ativado pela sede, Leon caiu de joelhos no centro da sala médica com Isabelle em seus bra?os. O sangue ainda pingava dos seus punhos, o rosto sujo e os olhos come?ando a se apagar. Ele lutou até o último segundo, com o corpo queimando de dor, mas ainda firme em n?o deixar Isabelle sozinha.
— Fica... comigo... — murmurou para ela, antes de desmaiar sobre o ch?o.
...
O ambiente agora era calmo, preenchido apenas pelo som dos aparelhos monitorando os batimentos cardíacos. As luzes da enfermaria eram suaves, e o cheiro de desinfetante era sutil. Leon abriu os olhos lentamente, sua vis?o emba?ada se ajustando ao brilho. Ao seu lado, Isabelle também despertava, ainda pálida, mas viva.
— Você... — ela sussurrou, com um sorriso fraco. — Você voltou...
Leon tentou se sentar, mas sentiu uma fisgada nas costas. Antes que pudesse responder, as portas da enfermaria se abriram com um estrondo.
Todos os Saqueadores entraram correndo. Zeke, Davi, Luna, Theo, até os veteranos como Kyra, Axel, June, Haru, Lian e Nero . Um a um, eles se aproximaram da cama de Leon.
— Você realmente fez isso... — disse Davi, com um meio sorriso impressionado.
— Um único soco, mano. UM. — Theo complementou, ainda sem acreditar. — Tu atravessou o Lorde da Escurid?o com UM SOCO!
— Tinha sangue por todo lado... — disse Luna, um pouco pálida, mas também orgulhosa. — Mas você salvou todos nós.
Zeke cruzou os bra?os, sorrindo de canto.
— Aquilo n?o foi só for?a. Foi instinto puro. Você tá virando algo... diferente.
Leon, ainda atordoado, olhou ao redor. Todos pareciam mais aliviados, e Isabelle, ao seu lado, apertou levemente sua m?o.
— Você... me salvou, Leon. Obrigada.
Yuki entrou por último, sério como sempre, mas com uma express?o orgulhosa.
— N?o é qualquer um que sobrevive ao toque da morte... e devolve com um golpe que perfura um Lorde.
Leon virou o rosto para ele, com a respira??o mais calma agora.
— Mas... por que eu n?o morri? Aquele ataque... eu senti tudo quebrando dentro de mim. Eu estava morrendo, Yuki. E depois... eu só voltei. Mais forte. Por quê?
Yuki se aproximou e puxou uma cadeira, sentando-se ao lado da cama. Seus olhos encontraram os de Leon.
— Você ativou um dos seus núcleos, Leon.
— Núcleos? — ele repetiu, confuso.
Yuki respirou fundo.
— Núcleos s?o como renascimentos contidos dentro de guerreiros excepcionais. Eles ficam adormecidos dentro de você até o momento da morte iminente. Quando ativado, um núcleo te traz de volta... mas n?o da mesma forma. Ele te renasce. Dez vezes mais forte, mais rápido, mais resistente. Seu corpo se reconstrói, e com isso, suas habilidades evoluem drasticamente.
— Quantos... eu tenho?
— Doze. — Yuki respondeu, direto. — Isso é... inédito. Nenhum Saqueador na história teve mais do que cinco. Nem mesmo Zeke.
Zeke assentiu em silêncio, visivelmente impactado.
— Cada núcleo seu, Leon, pode virar o rumo de uma guerra. Mas... — Yuki se inclinou, com o tom mais grave — ...cada vez que você usa um, chega mais perto de n?o conseguir voltar. O poder cobra um pre?o. E um dia, o último núcleo será gasto.
Leon olhou para as próprias m?os. Ainda havia sangue seco em seus dedos. As palavras de Yuki pesavam.
— Ent?o... eu n?o posso desperdi?ar nenhum deles. Nem por um segundo.
Yuki assentiu.
— Exato. O que você fez ontem foi um milagre... mas também um aviso. Você está em um nível onde n?o há volta.
Leon se recostou, absorvendo tudo.
Isabelle segurou a m?o dele de novo, mais firme agora.
— E quando esse momento chegar... você n?o vai estar sozinho.
Leon sorriu, mesmo com a dor. Ele sabia que aquela luta havia sido apenas o come?o.
O mundo estava mudando — e ele também.
Os dias que se seguiram foram de reconstru??o, mas n?o de paz.
A luta contra o Lorde da Escurid?o havia deixado cicatrizes — n?o só nos corpos, mas nas mentes de todos. A sede dos Saqueadores estava mais silenciosa do que nunca. O impacto do ataque e a quase morte de Leon e Isabelle haviam criado uma tens?o nova no ar. Até mesmo os veteranos estavam diferentes.
Leon passava horas na enfermaria, n?o porque precisava, mas porque n?o queria se afastar de Isabelle. Sentava ao lado dela, conversava pouco, apenas observando o ritmo da respira??o dela, o som dos monitores... o silêncio.
— Você tá pensando muito de novo. — disse Isabelle, abrindo os olhos, com aquele tom de quem já conhecia ele melhor do que ele mesmo.
— Como você sabe?
— Porque você fica com a mandíbula travada e o olhar perdido. Aconteceu isso quando a gente treinava também.
Leon sorriu fraco.
— Eu achei que ia te perder.
— E você quase perdeu. Mas eu sou mais teimosa do que pare?o.
Ela estendeu a m?o e tocou o rosto dele com carinho. Leon segurou a m?o dela de volta e fechou os olhos por um segundo. O mundo parecia mais leve quando ela estava por perto. Mas ele sabia... aquela leveza n?o ia durar.
Zeke esperava por ele. O ch?o da arena de treinamento ainda tinha rachaduras do último combate.
— Pronto pra testar esse novo nível, herói? — Zeke perguntou, estalando os dedos.
Leon entrou na arena com a jaqueta jogada sobre o ombro. O olhar firme. Mais maduro. Mais... letal.
— Quero ver até onde consigo ir com essa for?a nova.
— Bom. Porque eu n?o vou pegar leve.
O combate come?ou.
Zeke era rápido. Preciso. Ele usava a habilidade dele de manipular press?o para desaparecer e aparecer em lugares imprevisíveis. Mas Leon... Leon estava come?ando a ver tudo em camera lenta. Sua super velocidade estava se manifestando de forma mais intensa. Ele se movia com estalos no ar, como se quebrasse o som a cada impulso. Os socos dele eram pesados. As ondas de impacto rachavam as paredes de conten??o.
Zeke bloqueava, mas com dificuldade.
— Maldito... você realmente ficou dez vezes mais forte...
— E rápido. — completou Leon, acertando um chute que arremessou Zeke contra a parede.
Zeke tossiu sangue, levantando rindo.
— Você tá virando um monstro. Eu gosto disso.
Mas o treino n?o era só combate. Era controle.
Yuki e Nero observavam de longe, anotando tudo. Cada movimento de Leon era uma explos?o de energia bruta — ele precisava aprender a conter aquilo antes que se tornasse um risco pra equipe.
No fim do combate, Zeke ergueu a m?o rendido.
— Chega. Você venceu essa. Mas tá longe de estar pronto, campe?o.
Leon estendeu a m?o, ajudando o veterano a se levantar.
— Eu vou estar. Prometo.
[Noite — Terra?o da Sede]
Leon observava o céu. As estrelas. O silêncio.
— Você sabe que n?o vai parar por aqui, né? — disse Yuki, se aproximando.
— Eu sei. Aquele Lorde... ele foi só o come?o.
Yuki assentiu.
— A Escurid?o é só uma pe?a. Existem outros. Piores. Mais cruéis. E agora... eles sabem que você é uma amea?a.
— Deixa que eles venham.
— Eles v?o. Um por um.
Leon se virou, encarando Yuki.
— E eu vou matar cada um deles.
Yuki o olhou por alguns segundos. Depois sorriu de leve.
— é aí que você se engana, Leon. N?o é só matar. é sobreviver a cada batalha com a alma ainda intacta. Isso... isso é ser um verdadeiro Saqueador. Os dias seguiram seu curso, e a rotina dos treinamentos continuava intensa. Leon e os outros estavam cada vez mais adaptados aos seus novos poderes, mas o peso das responsabilidades também aumentava. A sombra dos Lordes ainda pairava sobre todos, e os Saqueadores sabiam que a guerra estava apenas come?ando.
Era um dia como qualquer outro no centro de treinamento da base, quando Yuki os reuniu. O clima estava mais tenso do que o habitual, como se algo estivesse prestes a acontecer. Leon sentiu a presen?a de Isabelle ao seu lado e percebeu que todos os outros estavam curiosos.
Yuki se posicionou à frente do grupo, seu olhar sério, mas com um toque de algo… diferente. Algo que Leon n?o conseguia identificar, mas que lhe causava uma leve sensa??o de desconforto.
— Pessoal, tenho uma surpresa para vocês hoje. — Yuki come?ou, com a voz firme. — Quero que todos conhe?am uma nova adi??o ao time dos Saqueadores. Ela voltou para o time, e… bem, Leon, você é o único que realmente a conhece.
Aquelas palavras fizeram o cora??o de Leon disparar. Um frio percorreu sua espinha. Ele olhou para Isabelle, mas n?o precisou falar nada. Ela também sentia que algo estava fora do lugar. Todos os olhos se voltaram para ele.
— Como assim, Yuki? — Leon perguntou, desconfiado.
— A última vez que se viram, vocês ainda estava no ensino fundamental. — Yuki respondeu, com um sorriso estranho. — E pelo que sei, ela foi uma das poucas pessoas que você conhecia antes de todo esse caos come?ar.
Antes que Leon pudesse processar as palavras, uma figura apareceu atrás de Yuki. Quando Leon a viu, seu corpo se congelou por um momento.
Era Barbara.
Mas n?o era a mesma Barbara que ele lembrava. Seu cabelo estava mais curto, com um corte afiado que destacava suas fei??es duras. Ela usava uma jaqueta preta, com símbolos de Saqueadores gravados nas costas. Seus olhos, antes suaves e acolhedores, estavam agora mais frios, quase calculistas.
Barbara olhou diretamente para Leon, e por um instante, o silêncio pairou no ar. Leon engoliu seco, sentindo um nó na garganta.
Ela se aproximou lentamente, com uma express?o de quem estava prestes a dizer algo importante, mas hesitou, como se o passado ainda fosse uma ferida aberta.
— Ent?o… você está realmente aqui, n?o é? — Barbara finalmente falou, a voz baixa, mas cheia de um tom misterioso. — N?o esperava te encontrar dessa forma, Leon.
Leon n?o sabia o que dizer. A amiga de infancia, aquela que ele havia perdido de vista há anos, agora estava ali, completamente diferente. Sua mente tentava processar as mudan?as, mas as palavras n?o saíam.
— Barbara… — Leon murmurou, quase sem acreditar. — Eu… eu n?o sabia que você estava com os Saqueadores.
Barbara deu um leve sorriso, mas era um sorriso de alguém que já n?o era mais a mesma pessoa.
— Pois é, Leon. Mudei muito desde a última vez que nos vimos. — Ela olhou para Yuki, que observava com aten??o. — O que importa é que estou aqui, e estou pronta para lutar. Agora, você vai precisar de mais do que treinamento para se manter em pé, Leon. E essa guerra… é apenas o come?o.
O silêncio tomou conta do ambiente, com todos os olhos fixos na troca entre os dois. Leon n?o sabia o que sentir. A emo??o de ver sua antiga amiga agora como uma membro dos Saqueadores, uma guerreira, era avassaladora. Mas ele sabia que n?o podia hesitar. A guerra estava chegando e ninguém poderia ficar para trás.
Barbara, ou melhor, Nash, como talvez fosse chamada agora, estava de volta. E sua presen?a ali n?o era por acaso.
Após a apresenta??o de Barbara, o ambiente no centro de treinamento ainda estava carregado de tens?o. Yuki deu a palavra a todos, e os outros continuaram com seus treinos, mas Leon n?o conseguia se concentrar. Sua mente estava completamente voltada para o reencontro com Barbara, a amiga de infancia que ele acreditava ter perdido para sempre. Ela parecia t?o diferente agora — mais dura, mais focada, mas ainda havia algo nela que o fazia sentir a familiaridade que ele tanto sentia falta.
Quando Yuki deixou o local e os outros se dispersaram, Barbara se aproximou lentamente de Leon, com um olhar suave, mas que ainda carregava uma profundidade difícil de entender.
— Ei, Leon... — ela come?ou, a voz baixa e intimista, como se estivesse com medo de ser interrompida. — Sinto que… precisamos conversar.
Leon olhou para ela, ainda tentando entender o quanto de sua antiga amiga restava ali, por baixo daquela fachada de guerreira dos Saqueadores. Ele deu um passo à frente, e seus olhos se encontraram com os dela — era como se o tempo tivesse parado por um instante.
— Claro… O que você tem em mente? — Leon perguntou, tentando controlar a ansiedade em sua voz.
Barbara sorriu levemente, e um sorriso genuíno, quase carinhoso, se formou em seu rosto.
— Que tal um café? — ela sugeriu, com um tom mais descontraído. — Acho que já passou da hora de colocarmos o papo em dia, n?o é?
Leon a olhou por um momento. A ideia de sentar com ela, sem press?es de batalha ou responsabilidades, parecia uma boa fuga da guerra que se aproximava. A última vez que haviam compartilhado um momento como esse, tudo era mais simples. Ele n?o sabia o que ela havia passado ou como ela havia chegado até os Saqueadores, mas, naquele momento, tudo o que ele queria era reviver aquele la?o, nem que fosse por alguns minutos.
— Um café, hein? — Leon sorriu de volta, um pouco mais descontraído. — Faz tempo que n?o fa?o isso.
Barbara deu um pequeno riso, e seu tom de voz ficou mais suave, mais pessoal.
— Eu sei. Eu sei… parece que toda vez que a gente tenta parar um pouco, o mundo desaba, né?
Leon assentiu, sentindo uma conex?o, uma familiaridade que ele pensava ter perdido. Por mais que o mundo ao redor deles estivesse em constante caos, ali, naquele momento, parecia que eles podiam ser apenas duas pessoas tentando se entender no meio de tudo isso.
— Mas agora… — Barbara continuou, mais séria de repente, mas ainda com aquele sorriso suave. — Eu realmente quero saber como você está, Leon. Eu sei que muita coisa mudou para nós, mas eu ainda me importo com você. A gente n?o pode esquecer de quem fomos antes disso tudo.
O jeito com que ela disse aquilo fez Leon sentir uma onda de emo??es diferentes. A ideia de voltar no tempo, para aquele Leon e aquela Barbara, parecia impossível, mas naquele instante ele sentiu que podia compartilhar suas inseguran?as com ela, sem medo de julgamento.
— Eu também sinto falta do que éramos... — Leon respondeu, com a voz carregada de nostalgia. — Eu nem sei mais quem eu sou em meio a tudo isso.
Barbara o observou atentamente e, por um momento, ficou em silêncio, como se refletisse sobre suas palavras.
— Acredite, você n?o está sozinho. Nem eu. Estamos todos nessa guerra, mas quem somos antes dela... isso ainda é importante. — Ela colocou uma m?o no ombro dele, com uma confian?a reconfortante. — Agora vamos, vamos tomar esse café e tentar esquecer um pouco do resto do mundo, por enquanto.
Leon sorriu de forma mais genuína e, pela primeira vez em dias, sentiu como se estivesse se reconectando com algo que havia perdido. Eles caminharam juntos, saindo do centro de treinamento. O vento fresco da tarde parecia mais leve com a presen?a dela ao seu lado, e o peso das responsabilidades um pouco mais suave.
Enquanto caminhavam, Leon n?o p?de deixar de se perguntar o que havia acontecido com Barbara nos anos em que estiveram separados. Mas por agora, ele preferiu se concentrar no que estavam prestes a compartilhar. O futuro deles poderia ser incerto, mas pelo menos, naquele momento, eles estavam juntos, e isso significava mais do que qualquer batalha ou poder que pudessem enfrentar. Leon e Barbara caminhavam em dire??o ao café, o ambiente ao redor deles parecia agora distante. As ruas movimentadas e o som das conversas das pessoas desapareciam à medida que o foco deles se estreitava. N?o eram apenas dois Saqueadores conversando; eram duas almas que já haviam compartilhado uma história antes da guerra, da dor e da perda.
Leon olhou para Barbara, sentindo uma mistura de saudade e nostalgia. Ele se lembrava de quando eram mais jovens, de como eles eram inseparáveis. Os dois haviam crescido juntos, passando quase todo o tempo livre brincando, treinando, ou apenas sentados em algum lugar, conversando sobre seus sonhos. Eles eram como irm?os, com uma liga??o que n?o precisava de palavras para ser entendida.
Quando Barbara riu, Leon quase p?de ouvir o som da risada dela nos velhos tempos, quando ela e ele riam até os outros ficarem irritados com a bagun?a. Ele se lembrava de como ela o desafiava a correr mais rápido, lutar mais forte, sempre exigindo mais dele, sem saber que, na verdade, o fazia melhorar a cada dia.
— Lembra quando a gente passava horas naquela pra?a perto da escola, tentando fazer a bola de futebol passar por aquele cercado? — Barbara perguntou, seu tom agora mais leve, mais pessoal. — Você sempre se achava mais rápido que eu, mas eu sabia que eu só tinha que ser mais estratégica.
Leon sorriu, lembrando-se da competi??o que nunca terminou. Ele sempre dizia que era o mais rápido, mas sabia que Barbara tinha uma maneira especial de sempre dar a volta por cima.
— Eu lembro de como você sempre me provocava, dizendo que eu n?o conseguia nem bater uma bola no gol. E, no fim, você sempre dava um jeito de vencer. — Ele deu um pequeno riso. — Isso me irritava na época, mas, olhando agora, eu n?o sei se teria sido t?o bom sem você me empurrando.
Barbara olhou para ele, os olhos suavizados pela memória. Ela sabia o quanto aquilo significava para ele. Sabia que, apesar de tudo, mesmo com os anos e as batalhas que enfrentaram, aquele vínculo nunca se partiu completamente. Ela sentia a saudade, a falta daquele Leon espontaneo e brincalh?o.
— Eu acho que sem você eu n?o teria aprendido tantas coisas, Leon. — Ela falou com uma sinceridade que ele raramente via nela. — Você sempre foi minha inspira??o, mesmo que n?o soubesse disso. E, mesmo depois de tudo que aconteceu, eu ainda me lembro de como você acreditava que podíamos conquistar o mundo juntos. Nunca esque?o de como você me disse, um dia, que nós dois éramos imbatíveis, como se nada pudesse nos separar.
Leon parou por um momento, olhando para ela, tentando entender a profundidade daquelas palavras. Ele se lembrava de tudo o que ela disse. Lembrava-se de quando eles eram inseparáveis, e até mesmo os pais deles brincavam dizendo que eles seriam como irm?os. Eles se apoiavam, se protegiam mutuamente, compartilhando os segredos mais íntimos, sem medo de julgamento. Barbara n?o era apenas uma amiga. Ela era parte de sua história, da sua vida.
— Eu... eu n?o sabia que você ainda se lembrava dessas coisas. — Leon disse, com a voz suave, cheia de emo??o. — Na verdade, eu n?o sabia o que esperar de você depois de tanto tempo. Eu achei que você tinha mudado muito, que talvez já n?o se importasse mais com tudo isso.
Barbara sorriu novamente, desta vez com um toque de tristeza em seus olhos.
— Eu mudei, Leon. Mas, de certa forma, eu n?o mudei tanto assim. Eu ainda sou a mesma Barbara que você conheceu, só que mais forte, mais capaz de enfrentar a realidade... mesmo que tenha sido difícil. Mas, por dentro, ainda sinto falta daquela amizade. Sinto falta de quem eu era antes de tudo isso acontecer.
Eles chegaram ao café, e os dois se sentaram em uma mesa isolada, com uma vista tranquila da rua movimentada. O gar?om trouxe duas xícaras de café e os deixou em paz, permitindo que eles conversassem à vontade. O cheiro do café era reconfortante, um pequeno respiro de normalidade em um mundo que n?o conhecia mais o significado de "normal".
Leon pegou sua xícara e olhou para Barbara, ainda absorvendo tudo o que ela tinha dito. A atmosfera ao redor deles estava relaxada, mas o peso da guerra e das mudan?as estava sempre presente. N?o importava o quanto tentassem se distrair com lembran?as do passado, algo dentro deles já havia mudado para sempre.
— Você sabia que, quando éramos mais novos, eu pensava que um dia a gente ia crescer, sair daquela cidade e fazer algo grandioso? — Leon perguntou, sua voz baixa e cheia de nostalgia. — A gente ia ser o tipo de pessoas que n?o precisava de mais nada, sabe? Eu acreditava que, enquanto tivéssemos um ao outro, nada mais importaria.
Barbara olhou para ele, um sorriso triste dan?ando em seus lábios.
— Eu também acreditava nisso, Leon. E, quem sabe... talvez ainda acredite. Talvez n?o seja tarde demais para a gente fazer algo grande. Mas, agora, é mais do que apenas nós dois. O mundo está mudando, e estamos aqui para fazer a diferen?a. Vamos fazer isso juntos, assim como sempre sonhamos.
Leon olhou para ela com um sorriso genuíno, mas agora, mais do que nunca, ele sabia que o mundo n?o seria mais o mesmo para eles. Mas, ao menos, ele n?o estava mais sozinho. E, de alguma forma, isso já fazia a diferen?a. O tempo passou rápido entre risos, histórias antigas e olhares sinceros. Cada palavra trocada era como uma pe?a de um quebra-cabe?a sendo recolocada no lugar, restaurando uma parte de Leon que ele nem sabia que tinha perdido.
Barbara encostou o cotovelo na mesa e o rosto na m?o, olhando para ele com carinho.
— Você sabe… eu nunca esqueci da gente. Mesmo nos piores dias… quando tudo parecia desmoronar, era a lembran?a de você que me mantinha firme. N?o como herói, mas como meu melhor amigo.
Leon sentiu o cora??o apertar. N?o era o tipo de emo??o que ele costumava demonstrar, mas ali, diante dela, era impossível esconder.
— Eu também n?o esqueci. E agora que você voltou… eu sinto como se uma parte minha tivesse voltado junto.
Barbara riu baixinho e se levantou.
— Ent?o vamos fazer valer. O mundo pode estar caindo em peda?os, mas... se a gente ainda tá aqui, talvez tenha um motivo. Vamos dar o nosso melhor. Juntos.
Leon assentiu, se levantando também.
— Juntos.
Eles caminharam lado a lado para fora do café. O céu já escurecia, prenunciando tempos difíceis pela frente, mas havia algo diferente no ar. Uma fagulha de esperan?a. E enquanto caminhavam em dire??o à base dos Saqueadores, Leon sentia que, mesmo com os novos desafios que viriam, ele n?o estava mais sozinho.
Era hora de voltar ao foco. O treinamento, os perigos, os Lordes… tudo isso estava esperando. Mas agora, com a Bárbara de volta, ele tinha mais uma raz?o pra lutar.
E ele n?o ia falhar.
Os dias seguintes foram intensos.
O reencontro com Barbara trouxe um respiro necessário, mas Leon sabia que a calmaria n?o duraria. Na base dos Saqueadores, o clima era cada vez mais tenso. Relatórios de distúrbios em zonas remotas, desaparecimentos e sinais energéticos desconhecidos come?aram a pipocar. Yuki estava mais sério do que nunca.
Durante a manh?, Leon caminhava pelos corredores da base ao lado de Barbara. Os dois riam de algo bobo, mas foram interrompidos por Kyra, a “Tempest”, que surgiu com seu típico olhar firme.
— Yuki quer todos os principais na sala de reuni?o. Agora.
Leon trocou um olhar com Barbara. Ela assentiu. O tempo da leveza tinha acabado.
Na sala de comando, todos estavam reunidos. Axel, Zeke, June, Haru, Lian, Nero… E claro, os cinco jovens Saqueadores: Theo, Davi, Luna, Isabelle e agora também Leon e Barbara. O núcleo estava completo.
Yuki se levantou em frente à mesa central, onde um holograma girava, mostrando a silhueta de uma criatura encapuzada cercada por um nevoeiro sombrio.
— Isso apareceu ontem, em uma cidade isolada no sul do continente. Destruiu tudo. N?o deixou sobreviventes.
Zeke apertou os punhos.
— é outro Lorde?
— Pior. — Yuki respondeu com o olhar fixo no holograma. — N?o conseguimos identificar. Mas a energia… é antiga. E extremamente volátil.
Leon cruzou os bra?os, já em estado de alerta.
— Quando partimos?
— Em breve. Mas antes disso… Leon, Zeke. Treinamento. Agora.
Zeke sorriu, estalando o pesco?o.
— Hora de te testar, garoto.
Leon sorriu de volta.
— Pode tentar me derrubar dessa vez.
Yuki interveio.
— N?o é só um teste. Esse treino... vai ser em campo simulado extremo. Se preparem pra lutar como se fosse vida ou morte.
O grupo ficou em silêncio por um segundo. Todos sabiam o que aquilo significava.
Leon fechou os olhos por um instante. Podia sentir. O instinto queimando por dentro. E agora, mais do que nunca, ele precisava estar pronto.
Era o início de uma nova fase. O campo simulado se moldava a cada segundo. Um cenário em ruínas, céu cinzento e estilha?os congelados no ar. Um ambiente perfeito para uma luta que estava longe de ser simples. O ch?o rachava sob os pés, enquanto os sistemas criavam simula??es reais de destrui??o, dor e impacto.
Zeke já estava no centro da arena, camisa preta justa, cicatrizes visíveis por todo o corpo, e um sorriso sádico no rosto.
— Vamos ver o quanto você cresceu, moleque.
Leon ajustou as luvas de treino, a jaqueta já jogada no canto. Seus olhos estavam sérios. Ele conseguia sentir a tens?o no ar, como eletricidade pura correndo pela pele.
— Tenta n?o quebrar nada dessa vez, Zeke.
— Promessas n?o combinam comigo.
Sem aviso, Zeke avan?ou como um raio. Em um segundo, já estava diante de Leon, o punho envolto em energia escura. O impacto do soco foi direto na mandíbula de Leon, que voou para trás, atravessando uma parede de concreto simulado. Poeira e destro?os explodiram.
— Vai precisar mais que isso... — Leon disse, se levantando, cuspindo sangue.
Zeke apareceu de novo, mas dessa vez Leon desviou. Super velocidade ativada. Um rastro de energia cinzenta acompanhava cada passo. Ele apareceu atrás de Zeke, e seu punho brilhou com uma for?a absurda. O soco foi direto nas costelas do veterano.
Um estalo seco.
Zeke foi jogado longe, esmagando uma pilastra metálica que se partiu ao meio.
— Hahahahaha! — Zeke riu enquanto cuspia sangue. — Agora sim, porra!
Ele se ergueu com os olhos brilhando, abrindo dois cortes nos próprios bra?os com as unhas para liberar ainda mais poder. Sangue escorria, e a energia ao redor dele oscilava como se o campo fosse implodir.
Eles colidiram de novo, desta vez com golpes que faziam o ar explodir. Cada soco rachava o ch?o. Cada chute deixava crateras. Leon estava rápido. Forte. Mas Zeke era uma muralha viva, treinado para matar desde sempre.
Um gancho de Zeke acertou o est?mago de Leon. O impacto foi t?o brutal que o jovem quase vomitou. Sangue escorreu pelo canto da boca.
— Tá SENTINDO?! — gritou Zeke. — ISSO é PODER REAL! N?O SEGURA! DEIXA O INFERNO FLUIR EM VOCê!
Leon rosnou, as veias saltando no pesco?o. Ele se moveu num piscar de olhos, socando Zeke no queixo com for?a suficiente pra jogá-lo no ar. Em seguida, saltou e o chutou no meio do peito com uma for?a t?o violenta que os ossos de Zeke trincaram no impacto. Ele caiu como um meteoro, rachando o ch?o.
Zeke tentou se levantar, cambaleando, mas Leon apareceu atrás dele e o derrubou com um último soco no ombro — direto na clavícula quebrada.
Zeke caiu de joelhos. Rindo.
— Hahahaha... porra... agora sim... você tá ficando perigoso...
Leon também caiu de joelhos, o corpo tremendo, ofegando como um animal em fuga.
O campo desativou, e o ch?o digital come?ou a desaparecer, revelando a estrutura metálica da base.
Yuki entrou com os outros observando. Kyra estava com os bra?os cruzados, visivelmente impressionada. Haru soltou um assovio baixo.
— Que porra foi isso... — murmurou Axel.
Yuki apenas falou:
— Ele está quase pronto.
Zeke cuspiu mais sangue e deu um leve soco de aprova??o no peito de Leon.
— Vai ser você... você vai mudar tudo, garoto.
Leon olhou pra ele, o rosto sujo, o corpo coberto de hematomas... mas os olhos? Determinados. Ardendo. A área médica estava silenciosa. Apenas o som rítmico do monitor cardíaco e o zumbido suave dos equipamentos quebravam o silêncio. Leon estava sentado numa das macas, o bra?o enfaixado e o rosto cheio de hematomas. Ao lado dele, Zeke, com o torso coberto de bandagens, estava de pé, apoiado numa das paredes, segurando um copo d'água.
— N?o pensei que fosse te acertar daquele jeito. — Leon murmurou, mexendo o ombro com dificuldade.
Zeke riu baixinho, tossindo em seguida.
— Você quase me desmontou, moleque. Esse soco nas costelas… foi pessoal?
— Só um pouco. — Leon respondeu com um meio sorriso. — Mas… obrigado. Por n?o pegar leve.
Zeke deu alguns passos até sentar na beirada da maca oposta, olhando diretamente pra ele.
— Escuta, Leon… você tem algo dentro de você que nem mesmo os outros Supers têm. Eu senti hoje. N?o é só for?a. é raiva. Dor. Fome de vencer. De proteger.
Leon olhou pro ch?o por alguns segundos, refletindo.
— é isso que me assusta… quando eu fico nesse estado, é como se algo estivesse me puxando. Como se fosse fácil demais perder o controle.
Zeke assentiu, sério agora.
— Porque é fácil. E vai continuar sendo. Mas a diferen?a é que você tem escolha. Você n?o é como os outros Lordes… ou como alguns dos nossos que perderam a sanidade. Você ainda se importa. Ainda sente culpa. Isso te faz humano. E é isso que te faz forte.
Leon ergueu os olhos, fixando nos de Zeke.
— Você acha mesmo que eu posso vencer eles? Os outros Lordes… a Morte?
Zeke olhou por um momento para o teto, como se enxergasse através dele.
— Se tem alguém que pode… é você. Mas vai doer. Vai custar tudo. Até o que você ama. E, quando chegar esse momento… quero que lembre do que fez hoje comigo. Com um soco. Só um.
Silêncio.
— Um soco... — Leon repetiu, pensativo.
Zeke levantou com esfor?o, deixando o copo na mesa.
— Descansa, campe?o. Amanh?, o inferno recome?a.
Antes de sair da sala, ele olhou por cima do ombro.
— Ah… e se um dia eu ficar fora de controle… quero que seja você a me parar.
Leon assentiu lentamente.
— Com um soco?
— Com o que for necessário.
Zeke saiu, deixando Leon sozinho. Mas, pela primeira vez, Leon n?o se sentia sozinho de verdade.
Ele estava mais perto do que nunca… de ser algo além de humano.
Algo inevitável. A noite caiu sobre a sede dos Saqueadores. A luz suave do entardecer pintava os corredores com tons alaranjados e roxos, enquanto Leon caminhava devagar pelos jardins externos, ainda com marcas da luta e do treinamento pesado. O vento soprou leve, e ele sentiu algo familiar no ar… um cheiro suave, que fazia seu peito apertar de leve.
Ele se virou e lá estava ela.
Isabelle.
Encostada numa das colunas de pedra do pátio, com os cabelos ondulados soltos, vestindo uma jaqueta escura e os olhos fixos nele — mas com uma ternura contida. Havia um silêncio carregado entre os dois, como se tudo o que haviam passado estivesse ali… pairando no ar.
— Demorou pra vir me ver — disse ela, com um meio sorriso.
Leon deu alguns passos, tentando parecer mais calmo do que se sentia.
— Eu… precisava de um tempo pra entender as coisas. Pra entender a mim mesmo.
— E conseguiu?
Ele suspirou, parando a poucos passos dela.
— Um pouco. Mas tem uma coisa que eu ainda n?o entendi.
Isabelle ergueu a sobrancelha, sem tirar os olhos dele.
— O quê?
— Você. Por que você ainda tá aqui?
Isabelle se aproximou lentamente. Agora estavam frente a frente. A aura dela parecia pulsar com a mesma intensidade da dele. Mas havia carinho nos olhos.
— Porque eu sempre estive. Mesmo quando você caiu… mesmo quando eu pensei que tinha te perdido… eu senti que você ia voltar. Que você ia se levantar. Como sempre faz.
Leon olhou pra ela, e algo se quebrou dentro dele. A muralha que segurava todo o peso, toda a dor… ruiu. Ele deu um passo e a abra?ou forte, como se precisasse daquilo pra continuar respirando.
Ela retribuiu o abra?o, apertando ele com for?a, os olhos se fechando.
— Eu t? aqui, Leon. N?o importa quantos Lordes apare?am. Eu t? aqui.
Leon sussurrou contra o pesco?o dela:
— E eu n?o vou deixar mais nada te machucar.
Eles ficaram ali por longos segundos, só sentindo o calor um do outro. Duas armas de guerra, finalmente encontrando um momento de paz.
E pela primeira vez… parecia que a escurid?o dentro de Leon havia recuado.
Nem que fosse só por agora. Sede dos Saqueadores – Sala Tática Principal
A grande mesa de concreto polido estava cercada pelos membros mais poderosos do esquadr?o. Mapas holográficos projetavam o sistema estelar, zonas de distúrbio dimensional e registros de energia an?malas. A atmosfera era densa, quase sufocante.
Kyra "Tempest" estava de bra?os cruzados, apoiada na parede. Zeke "Cicatriz" afiava a lamina de seu bra?o esquerdo com uma pedra energética. Axel "Rastro" girava uma adaga entre os dedos, e Lian "Eco" mexia nas frequências de radar. Haru, June, Nero, Isabelle, Barbara, e os mais jovens — Leon, Theo, Luna e Davi — estavam sentados, atentos.
Yuki se posicionou no centro da sala.
— Escutem todos… temos um problema.
O holograma girou, revelando um novo sinal: instável, pulsando com uma frequência jamais vista. N?o era só uma assinatura de energia… era quase como um cora??o batendo em outra dimens?o.
— Depois da queda do Lorde das Sombras… algo despertou. Algo que talvez estivesse selado pelo próprio medo dele.
— N?o pode ser… — murmurou Nero "Grav", franzindo o cenho. — Outro Lorde?
Yuki assentiu.
— O Lorde da Morte.
O silêncio engoliu a sala. Até mesmo os mais experientes endureceram a express?o.
— Esse n?o é como o Lorde das Sombras — continuou Yuki. — Ele é mais velho. Mais frio. Ele n?o quer controle… ele quer o fim de tudo. Inclusive dos outros Lordes.
Axel bufou, irritado.
— E o que ele tá esperando? Por que ainda n?o atacou?
— Porque ele está… observando. E, ao que tudo indica, interessado em apenas um de nós — disse Yuki, olhando diretamente para Leon.
Leon ergueu o olhar, sério.
— Por mim?
— Você sobreviveu à investida do Lorde da Escurid?o, enfrentou de frente o Lorde das Sombras e usou um núcleo. Agora carrega energia de outro plano. Você é uma amea?a real. Ele sabe que se n?o te eliminar logo… n?o conseguirá mais.
Zeke soltou a pedra que afiava e falou pela primeira vez:
— Se ele vier… a gente vai estar pronto.
Yuki assentiu.
— Por isso, a próxima fase do plano é clara: intensificar o treinamento de todos. Treinamento real. Campo de batalha simulado. Se for preciso, mandamos alguns de vocês para outros planetas para absorver mais energia dimensional.
Kyra se adiantou.
— A partir de hoje, os mais novos n?o s?o mais novatos. Vocês já lutaram, sangraram… perderam e voltaram. S?o parte da linha de frente agora.
Ela olhou diretamente para Leon, depois para Isabelle, Theo, Luna, Davi e Barbara.
— Bem-vindos à verdadeira guerra.
Capítulo 1 – Ato 4: Olhos na Tempestade
— Ent?o... ele sobreviveu. — disse uma voz cavernosa ecoando por uma sala escura, onde apenas as chamas azuis de tochas tremeluzentes davam forma às sombras.
Um enorme sal?o feito de pedra negra e espelhos distorcidos refletia os rostos de criaturas desconhecidas. No centro, sentado sobre um trono feito de ossos fundidos, o Lorde da Morte observava uma proje??o mágica de Leon atravessando o Lorde da Escurid?o com apenas um soco.
— Apenas um núcleo... e já consegue partir carne como a?o celestial. — continuou ele, os dedos cadavéricos tamborilando o bra?o do trono.
Uma silhueta surgiu da escurid?o: o Lorde do Medo, seu rosto coberto por uma máscara cravada com runas antigas.
— Você sabia que isso aconteceria. O Lorde das Sombras subestimou o poder da linhagem. De novo.
— Ele era fraco. — respondeu a Morte, seco. — Mas serviu ao propósito. Estávamos cegos por séculos... e agora temos um nome. Um foco. Leon.
— Um garoto com 12 núcleos. — acrescentou o Lorde do Medo, com um tom quase admirado. — Você n?o teme ele?
O Lorde da Morte riu baixo, e o som era como unhas arranhando mármore.
— N?o. Mas entendo o risco. Um poder como o dele, desperto da forma errada... pode quebrar o equilíbrio de universos inteiros. — ele levantou-se lentamente. — A morte n?o deve temer. A morte espera.
Ele ergueu uma m?o esquelética e imagens de Zeke, Isabelle, Yuki e os outros saqueadores surgiram.
— Vamos observar. Deixar que cres?am. Que se desenvolvam. Que se iludam com pequenas vitórias.
Ent?o, ele olhou diretamente para a imagem de Leon, o olhar vazio, mas carregado de inten??o.
— E quando todos estiverem no auge… eu os trarei de volta à realidade.
As tochas se apagaram. Tudo virou escurid?o...
Na sede dos Saqueadores, o ambiente tinha mudado. N?o era mais só uma base de treinamento — agora parecia uma verdadeira fortaleza. Depois do ataque brutal do Lorde da Escurid?o, e do impacto causado por Leon ao usar apenas um núcleo, todos estavam em alerta.
No centro da arena principal, Leon trocava socos com Zeke. Era diferente de antes. N?o era um simples treino — era um teste de limites.
Zeke girou e tentou acertar uma sequência de socos rápidos, mas Leon desapareceu em um borr?o, reaparecendo atrás dele e acertando um chute lateral que fez o veterano voar contra a parede de concreto. A poeira subiu. O impacto rachou parte da estrutura.
— Isso foi... bom. — disse Zeke, se erguendo com sangue no canto da boca e um sorriso. — Sua velocidade tá absurdamente alta. E sua for?a... tá quase passando a minha.
— E eu ainda nem cheguei no meu limite. — respondeu Leon, ofegante, os olhos brilhando intensamente.
Yuki observava do alto da galeria, ao lado de Kyra, Axel e os outros veteranos.
— Ele já está se adaptando ao poder bruto. A super for?a e velocidade dele est?o em plena evolu??o. — disse Yuki, de bra?os cruzados.
— E os núcleos? — perguntou Axel. — Ele ainda tem 11. Se ele continuar for?ando demais o corpo, pode morrer antes de ativar outro.
— Eu sei. Mas a evolu??o do Leon n?o é natural. Ele nasceu pra ser algo acima. Algo entre o homem... e a calamidade. — Yuki respondeu com um olhar firme.
Mais tarde, no alojamento dos novos recrutas, Leon estava sentado sozinho, esfregando as m?os, suando. A lembran?a do ataque do Lorde da Escurid?o ainda vinha à mente — Isabelle gritando, o gosto de sangue na garganta, o vazio quando sentiu seu cora??o parar...
Barbara se aproximou com uma xícara de café.
— Eu trouxe isso... Achei que podia ajudar a esfriar a cabe?a.
— Valeu, Babi. — ele sorriu fraco, pegando a xícara.
Ela se sentou ao lado dele.
— Você salvou todo mundo de novo. Mas... quem te salva quando você cai?
Leon ficou em silêncio. O olhar perdido.
— Eu n?o sei. Talvez ninguém. Ou talvez... eu n?o precise ser salvo. Eu só preciso continuar.
Barbara encostou a cabe?a no ombro dele.
— N?o esquece que você tem a gente. Mesmo que o peso do mundo pare?a todo seu, você n?o precisa carregar tudo sozinho.
Nesse momento, Isabelle apareceu na porta. Ela viu a cena em silêncio, e apenas se afastou. Mas Leon percebeu. E aquilo apertou o peito dele.
Na manh? seguinte…
Reunidos na sala de estratégia, Yuki trouxe más notícias.
— Detec??es de presen?a sombria em três áreas do mundo. Várias cidades relataram desaparecimentos em massa... sem nenhum vestígio de luta.
— Algum dos Lordes? — perguntou June, já com a m?o na arma.
— A Morte ainda n?o se moveu. Mas eu sinto. Ele está observando. Estudando. — disse Yuki.
Leon se levantou.
— Ent?o n?o vamos esperar mais. A gente vai atrás deles primeiro.
Axel riu.
— Finalmente alguém com atitude.
Kyra se aproximou da mesa.
— A gente tem um plano. Uma miss?o de reconhecimento. Vamos nos dividir. Encontrar pistas. E nos preparar.
Leon fechou o punho com for?a. Ele sentia... algo mais vinha. Algo grande.
E ele estaria pronto
Os corredores da base dos Saqueadores estavam silenciosos naquela noite. Após o treinamento intenso de Leon, Isabelle vagava pelos corredores, o som de seus passos ecoando suavemente nas paredes metálicas. Algo dentro dela a incomodava — n?o era só a lembran?a do ataque, mas a imagem de Barbara com Leon. A conex?o que eles tinham. A naturalidade.
Mas naquela mesma noite, algo inesperado aconteceu.
Isabelle entrou no refeitório para pegar um chá, e lá estava Barbara, sentada sozinha, rabiscando algo em um caderninho.
— Oi... — Isabelle disse, um pouco hesitante.
Barbara levantou o olhar, deu um sorriso tranquilo.
— Ei, Isabelle. Quer se sentar?
Ela hesitou por um momento... e ent?o sentou-se.
— é meio estranho... a gente nunca conversou de verdade. — comentou Barbara, olhando para o chá nas m?os de Isabelle.
— é. Acho que... eu só fiquei na defensiva demais. — Isabelle respondeu, sincera. — Vocês dois têm uma conex?o forte. Eu senti que... n?o havia espa?o pra mim.
Barbara riu suavemente, balan?ando a cabe?a.
— Leon e eu... somos como irm?os. A gente passou por muita coisa junto, é verdade. Mas nunca teve nada além disso. E mesmo se tivesse... eu vejo como ele te olha, Isabelle. N?o é da mesma forma que ele me olha. Com você... é diferente.
Isabelle olhou surpresa para ela.
— Eu achei que você me visse como um problema.
— Eu vi você como um reflexo do que eu já fui: insegura, perdida, com medo de perder alguém importante. Mas a verdade é que... se você é importante pro Leon, ent?o você também é importante pra mim.
As duas ficaram em silêncio por um momento, até que Isabelle sorriu de leve.
— Obrigada... por ser honesta. Eu... acho que podemos ser amigas.
Barbara estendeu a m?o.
— Acho que podemos ser mais que isso. Podemos ser aliadas. Parceiras. E com o que vem por aí... vamos precisar uma da outra.
Isabelle apertou a m?o dela, e pela primeira vez em dias, sentiu o peso no cora??o diminuir.
Na manh? seguinte, Leon viu algo que n?o esperava: Barbara e Isabelle rindo juntas no refeitório. A tens?o que antes existia entre elas parecia ter desaparecido. Ele se aproximou, confuso.
— Eu perdi alguma coisa?
— Só uma conversa que demorou pra acontecer. — disse Barbara, piscando pra Isabelle.
— Finalmente. — completou Isabelle, com um sorriso sereno. — E agora você tem duas mulheres que v?o te puxar a orelha se fizer besteira.
Leon riu, passando a m?o nos cabelos bagun?ados.
— Maravilha... t? ferrado.
Capítulo 1 – Ato 5: O Plano
Os dias estavam mais calmos na base, mas a tens?o ainda era palpável. Sabiam que, com a derrota do Lorde das Sombras, havia aberto uma brecha para que algo ainda mais poderoso surgisse. Yuki, sempre atento, sabia que o tempo estava se esgotando.
Na sala de opera??es, todos os Saqueadores estavam reunidos. O plano estava prestes a ser tra?ado, mas uma sensa??o de urgência pairava no ar. Yuki, com sua postura calma e estratégica, observava seus aliados. A mesa estava coberta por mapas e arquivos confidenciais. O líder deles parecia tranquilo, mas seus olhos estavam focados, como se estivesse antecipando o que viria.
— Todos sabem o que está em jogo — come?ou Yuki, quebrando o silêncio. — O Lorde das Sombras foi derrotado, mas ele n?o era o único. As for?as que manipulam os Lordes est?o se reorganizando, e nós precisamos estar prontos.
Leon, que se encontrava ao lado de Isabelle, olhou para Yuki com uma express?o séria. O peso da responsabilidade recaía sobre todos. Eles n?o eram mais apenas alunos de um treinamento. Agora eram uma for?a a ser reconhecida.
— O que você prop?e? — perguntou Leon.
Yuki olhou para ele por um momento, medindo suas palavras.
— Agora é hora de atacar, antes que nossos inimigos se consolidem. N?o sabemos quem ou o que está por trás dos Lordes, mas sabemos que a amea?a é real. Vamos nos infiltrar em uma das bases inimigas e coletar informa??es.
Isabelle cruzou os bra?os, sua express?o focada.
— Infiltrar? Parece perigoso, Yuki. A última vez que fizemos algo assim, saímos bastante arranhados.
— Sim — Yuki respondeu, com um leve sorriso. — Mas agora estamos diferentes. Mais fortes. E precisamos dessa informa??o. Se conseguirmos descobrir a origem dos Lordes, podemos antecipar os próximos movimentos deles.
Barbara, que até ent?o estava em silêncio, olhou para o grupo e interveio.
— E o que exatamente estamos enfrentando? Se forem outros como o Lorde das Sombras, ent?o estamos em vantagem. Mas e se forem algo... diferente?
— Exatamente — disse Yuki, reconhecendo a preocupa??o de Barbara. — N?o sabemos ao certo, mas sabemos que o poder deles vem de um local distante, algo além de qualquer coisa que já enfrentamos. Isso só torna nossa miss?o mais crucial.
Haru, que estava sentado ao fundo, fez uma careta.
— Estou dentro, mas por favor, me diga que n?o vamos fazer isso sozinho. Essa miss?o tem cara de armadilha.
Yuki assentiu.
— N?o estaremos sozinhos. Todos os Saqueadores estar?o envolvidos. A miss?o será arriscada, mas é a única maneira de conseguirmos um avan?o real.
A sala ficou em silêncio por um momento, o peso do plano caindo sobre todos. Era arriscado. Era perigoso. Mas era a única op??o que tinham.
Leon olhou para Isabelle, que estava ao seu lado, seu olhar determinado.
— Ent?o vamos fazer isso. N?o podemos deixar que a amea?a continue crescendo.
Isabelle deu um leve sorriso e tocou o bra?o de Leon, a confian?a em sua express?o clara.
— Vamos mostrar a eles o que somos capazes de fazer.
Yuki se levantou, pegando um tablet que estava sobre a mesa. Ele passou alguns segundos verificando a tela antes de continuar.
— A miss?o está marcada para daqui a dois dias. Preparem-se, treinem mais, fortale?am suas habilidades. Todos precisam estar prontos. E, principalmente, confiem uns nos outros. Estamos entrando em um território desconhecido.
Os Saqueadores se levantaram, um a um, assumindo o compromisso de fazer o que fosse necessário para impedir o que fosse amea?ar a paz. A determina??o deles era inabalável.
— A miss?o come?a em breve. — Yuki concluiu. — E vamos garantir que ninguém mais precise sofrer com o que os Lordes causaram.
E assim, o foco do grupo se consolidou. Sabiam que o tempo estava contra eles. A amea?a era real e eles estavam prontos para enfrentá-la, custasse o que custasse. Cada um deles sabia o que estava em jogo. E com cada treinamento, cada momento vivido juntos, estavam mais fortes.
Agora, o futuro seria decidido no confronto com o desconhecido. E, juntos, eles seriam a última linha de defesa. Capítulo 2 – Ato 1: O General Connor
Era uma noite silenciosa na base dos Saqueadores. Todos estavam se preparando mentalmente para o grande dia, o dia em que eles finalmente enfrentariam a próxima amea?a. O clima estava tenso, mas também havia uma sensa??o de uni?o entre os membros do time. Eles haviam passado por tantas lutas juntos, e agora estavam prontos para mais uma.
No entanto, a tranquilidade foi quebrada por um som abrupto vindo do lado de fora da base. Um estrondo abafado fez todos se virarem, e os alarmes come?aram a tocar.
— O que foi isso? — perguntou Isabelle, imediatamente alertada.
Yuki levantou-se rapidamente, os olhos focados e calculistas.
— Preparem-se. — Ele deu uma ordem firme, dirigindo-se rapidamente à sala de monitoramento.
De repente, uma mensagem ecoou através dos alto-falantes da base, clara e cortante.
— "Eu sou o General Connor. O Senhor das Sombras me enviou para garantir que os Saqueadores n?o se movam. Eu sou o último obstáculo entre vocês e o destino final que merecem."
Leon estreitou os olhos, sua express?o se tornando mais séria.
— Um mensageiro... — ele murmurou, a tens?o crescendo no ar. — Parece que alguém n?o gostou da nossa ideia de atacar.
Isabelle, ao seu lado, ficou em silêncio, seu olhar fixo à frente. Sabia que a batalha estava prestes a come?ar.
Yuki fez um gesto para que todos se preparassem.
— O General Connor. — Yuki falou, sua voz calma, mas cheia de autoridade. — Ele é conhecido entre os círculos mais sombrios. Suas cicatrizes n?o s?o apenas marcas de batalha, mas lembran?as de um ser que nunca foi derrotado. Este homem é t?o forte quanto os Lordes. N?o subestimem ele.
O som dos passos pesados ecoou pelo corredor, e uma figura imponente apareceu na entrada da sala. Ele era alto, musculoso, e sua pele estava coberta por cicatrizes profundas que pareciam contar histórias de batalhas passadas. Seus olhos eram frios como gelo, e seu sorriso era amea?ador.
O General Connor parou na porta, observando cada um dos Saqueadores, como se estivesse calculando suas for?as. Sua voz era grave, quase um rosnado.
— Vejo que finalmente apareceram. — disse ele, sua risada baixa e gutural. — Mas eu n?o vou deixar que vocês continuem. Esta miss?o termina agora.
Leon ficou na frente, seus olhos se fixando no adversário. Ele sabia que essa batalha seria diferente de todas as anteriores. O General Connor n?o era alguém para se subestimar.
— Se você veio para nos parar, vai precisar de mais do que isso. — Leon disse com confian?a.
O General Connor soltou uma gargalhada profunda.
— Oh, eu sou mais do que suficiente. Preparem-se.
E com essas palavras, ele avan?ou.
A batalha come?ou com uma velocidade impressionante. O General Connor n?o perdeu tempo e foi direto para Leon, seu corpo movendo-se como uma máquina de combate, sua for?a parecendo ilimitada. Ele se aproximou com um soco devastador, que Leon conseguiu bloquear, mas sentiu seu bra?o tremer com a for?a do impacto.
— Esse cara... — Leon grunhiu, seu corpo sendo empurrado para trás pela for?a do soco.
Isabelle e os outros come?aram a atacar, mas o General Connor era rápido e brutal. Cada movimento seu parecia conter uma explos?o de poder. Zeke foi o primeiro a se aproximar, tentando desferir um golpe rápido, mas Connor desceu com um golpe direto, acertando Zeke no est?mago, fazendo-o cair de costas no ch?o, arfando.
— Ele é um monstro! — Zeke gritou, tentando recuperar a postura.
Haru tentou pegar o General pela retaguarda, mas ele virou e com um movimento fluido, agarrou o pesco?o de Haru, erguendo-o do ch?o como se fosse uma crian?a. Haru lutou para se soltar, mas o General apenas apertou mais, a for?a de seus dedos implacável.
— Isso é o melhor que os Saqueadores têm? — O General disse com um sorriso cruel, jogando Haru para o lado.
A cada movimento do General, os Saqueadores eram derrubados. Ele parecia ser uma for?a da natureza, imbatível e imparável. Sua pele estava coberta de cicatrizes de batalhas antigas, mas isso n?o era mais do que uma fachada. O poder que ele emana é quase sobrenatural.
Isabelle foi a próxima a se aproximar, pulando para um ataque aéreo. Mas Connor, com uma velocidade impressionante para alguém de seu tamanho, girou no ar e bloqueou o golpe com uma for?a colossal. Ela sentiu o impacto reverberar por todo o seu corpo, quase quebrando suas costelas. Ela foi arremessada para trás, mas conseguiu se recuperar, ofegante.
Leon, vendo todos caírem, n?o podia mais ficar de fora. Ele avan?ou contra o General com tudo o que tinha, desferindo uma série de socos rápidos e fortes. Mas Connor, com uma express?o inabalável, simplesmente bloqueava e desviava, como se estivesse se divertindo.
— Você acha que pode me derrotar? — O General disse com um sorriso debochado.
Leon, irritado, finalmente colocou toda a sua for?a em um único golpe. Ele tentou golpear o General com uma sequência de socos, mas foi recebido por um contra-ataque brutal. Connor agarrou o bra?o de Leon, torcendo-o até ouvir um estalo.
— Eu n?o sou como esses outros monstros que você já enfrentou. — O General rosnou, a express?o fria em seu rosto.
Leon gritou de dor, mas antes que o General pudesse finalizar o golpe, uma for?a repentina se desencadeou dentro dele. Ele usou toda a sua for?a para se libertar, empurrando o General para trás com uma explos?o de poder, mais forte do que antes.
O combate estava longe de terminar, e as feridas come?avam a acumular. Cada um dos Saqueadores lutava com todas as suas for?as, mas o General Connor era uma parede de poder que n?o se quebrava facilmente.
O sangue escorria do rosto de Leon, suas m?os estavam cansadas e sangrentas, mas ele n?o desistia. Ele sabia que se n?o derrotassem Connor, o plano deles estava comprometido. E a miss?o era muito maior do que qualquer dor que eles estivessem sentindo.
O destino do confronto ainda estava por ser decidido. A arena estava caótica. O som de socos quebrando ossos, o impacto de corpos sendo arremessados contra o concreto, o cheiro de sangue se espalhando pelo ar, tudo isso preenchia o ambiente como uma sinfonia macabra. O General Connor estava em seu elemento, sua presen?a imensa e brutal sendo sentida por cada um dos Saqueadores que tentavam resistir ao seu poder esmagador. Ele n?o era apenas forte; ele era uma máquina de destrui??o implacável, cada movimento dele fazia com que o ch?o tremesse e os corpos dos Saqueadores se contorcessem de dor.
A luta havia come?ado ferozmente. Zeke, com sua habilidade de combate em close, foi o primeiro a atacar, mas o General Connor o agarrou pela garganta com uma velocidade inacreditável, levantando-o do ch?o e, com um único movimento, esmagando seu est?mago com um soco t?o violento que o som dos ossos quebrando ecoou por toda a sala. O sangue de Zeke jorrou por todos os lados, seu corpo se contorcendo em uma tentativa inútil de se libertar, até que, finalmente, o General o jogou contra uma parede com um estrondo, o corpo de Zeke ficando inerte, como uma marionete sem fios.
Isabelle, que estava próxima, se aproximou rapidamente, sua fúria tomando conta. Ela usou suas habilidades de manipula??o de luz para tentar cegar o General, mas ele apenas riu, sua resistência física imensa permitindo que ele ignorasse qualquer tipo de distra??o. Em um movimento fluido, ele agarrou Isabelle pelo pulso e a jogou contra o ch?o, um estrondo t?o forte que os ossos de seu bra?o se estalaram. Ela gritou de dor, mas logo tentou se levantar, uma express?o de raiva e determina??o em seu rosto.
— Você está fraca, garota! — O General zombou, seu sorriso cruel se ampliando.
Enquanto isso, Haru, com sua velocidade impressionante, tentou atacar pelas costas, mas Connor estava sempre um passo à frente. Ele se virou de repente, pegando Haru pela cabe?a e esmagando-a contra o ch?o com uma for?a t?o brutal que o som do cranio se quebrando foi ensurdecedor. O corpo de Haru se deformou sob a for?a do impacto, e seu corpo ficou imóvel, uma po?a de sangue se espalhando por todo o ch?o.
O General estava se divertindo, desfrutando de cada momento daquela carnificina. Ele se aproximou de Luna, que tentava flanquear pela esquerda, mas antes que ela pudesse reagir, o General a pegou pelo pesco?o com uma m?o, levantando-a do ch?o. Ele apertou, fazendo com que os ossos de seu pesco?o estalassem. O rosto de Luna se contorceu de dor, seus olhos se arregalando enquanto ela lutava para respirar, mas era inútil. Ele apertou mais forte, e com um último estalo, o pesco?o de Luna se quebrou, seu corpo caindo sem vida no ch?o com um som abafado. O sangue ainda escorria de sua boca, manchando o solo.
Leon observava tudo, seu corpo pulsando com dor a cada movimento que ele fazia. Ele tentava se manter de pé, mas o cansa?o e os ferimentos estavam se acumulando. Cada vez que um amigo seu caía, a raiva dentro dele crescia, queimando como um fogo incontrolável. Ele n?o conseguia suportar mais a vis?o de seus amigos sendo brutalizados por aquele monstro. Mas, por mais que ele tentasse, seus golpes eram como moscas em compara??o com o General. Cada ataque que ele tentava desferir era facilmente desviado ou repelido.
— Vai, Leon! Mostre do que você é capaz! — A voz de Isabelle soou fraca, mas cheia de determina??o. Ela estava deitada no ch?o, com o bra?o quebrado e o rosto inchado, mas ainda assim tentando incentivar Leon, como se esperasse que ele encontrasse algum tipo de for?a dentro de si.
Leon n?o sabia como reagir, o medo tomando conta de seu corpo. Ele viu o General avan?ando em dire??o a Barbara, e o desespero tomou conta dele. O General Connor levantou a m?o para acertar um golpe fatal, mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, Leon gritou.
— N?O! — Ele se lan?ou em dire??o ao General com um rugido primal, o sangue escorrendo de seus próprios ferimentos, a adrenalina dominando seus sentidos.
O General se virou, rindo com escárnio.
— O que você vai fazer, garoto? Vai morrer como todos os outros?
Leon n?o respondeu. Em vez disso, ele se atirou com tudo em dire??o ao General, seus músculos exaustos se esfor?ando ao máximo. O primeiro soco que ele desferiu foi rápido, mas o General o bloqueou facilmente com um bra?o. Leon ent?o girou, lan?ando uma sequência de socos e chutes, tentando encontrar uma brecha, mas o General bloqueava e desviava com facilidade. No entanto, ele parecia come?ar a ficar levemente irritado. A press?o sobre Leon era demais, e ele estava come?ando a falhar nos movimentos.
— Você n?o vai durar muito mais tempo, garoto. — O General murmurou, com um sorriso amea?ador.
Foi nesse momento que Leon percebeu algo. A raiva em seu peito, a necessidade de vingan?a, estava come?ando a transbordar. Ele n?o era mais o garoto que tinha medo de lutar. Ele estava come?ando a entender que tinha algo dentro dele. Algo que o fazia mais forte. Algo que os outros n?o podiam compreender ainda.
Em um movimento desesperado, Leon ativou um de seus núcleos.
O poder foi imediato. Seus músculos se expandiram, suas veias se alargaram, e a velocidade com que ele se moveu aumentou exponencialmente. O General, surpreendido, tentou reagir, mas Leon foi mais rápido. Em um piscar de olhos, ele estava atrás do General, desferindo um soco direto na lateral de seu corpo. O impacto foi t?o forte que a carne do General se rasgou. O sangue jorrou de sua costela, e o som de ossos quebrando foi nítido. O General gritou de dor, mas Leon n?o parou.
Ele deu mais um soco, e mais outro, até que o corpo do General estava irreconhecível, com peda?os de carne e sangue espalhados por toda parte. O rosto do General foi desfigurado pela for?a dos golpes, seus olhos se revirando de dor enquanto sua barriga se abria, as entranhas espalhadas pelo ch?o.
O General cambaleou para trás, tentando se afastar, mas Leon n?o o deixou ir. Ele avan?ou novamente, com uma velocidade sobre-humana, e deu um último soco t?o forte que atravessou a barriga do General. O som do impacto foi como o de uma explos?o, e os intestinos do General se espalharam pelo ch?o, misturados ao seu sangue.
O General caiu de joelhos, seu corpo irreconhecível e ensanguentado. Ele olhou para Leon, sua boca tremendo enquanto ele tentava falar.
— Isso... n?o é... possível... — ele murmurou, sua voz fraca e cheia de pavor.
Mas antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, Leon, com um último esfor?o, deu um golpe fatal. O General Connor caiu no ch?o, seu corpo despeda?ado e inerte.
O silêncio tomou conta da sala, enquanto Leon permanecia de pé, ofegante e coberto de sangue. Seus amigos, todos com ferimentos graves, observavam com os olhos arregalados. Ele havia feito o impensável. Ele havia derrotado o General Connor.
Mas o que ele n?o sabia era que isso era apenas o come?o. O verdadeiro teste estava apenas come?ando.
O General estava morto. Mas os inimigos ainda estavam por vir.
Capítulo 2 – Ato 2: O Caminho da Verdade
Após a queda do General Connor, o silêncio pairou no ar. A sala estava cheia de corpos caídos, mas, para aqueles que ainda estavam vivos, o peso da batalha que acabaram de vencer parecia quase insuportável. Leon estava de pé, seus músculos ainda tremendo da intensidade da luta, seu corpo marcado por cortes e hematomas. O sangue do General estava espalhado por toda parte, manchando suas m?os, seu rosto e suas roupas. O resto dos Saqueadores ainda estava se recuperando, mas a vitória parecia ter custado mais do que qualquer um imaginava.
Isabelle, que estava deitada no ch?o, com o bra?o quebrado, olhou para Leon com um misto de preocupa??o e admira??o. Ela havia visto ele lutar como nunca antes, mas sabia que aquilo ainda n?o era o suficiente. Leon havia despertado algo dentro de si, algo poderoso e incontrolável, mas o caminho à frente ainda estava cheio de perigos.
— Leon... você... — Isabelle tentou se levantar, mas uma onda de dor a fez parar. Ela olhou para ele com um sorriso fraco, tentando mostrar que ainda estava ali, mesmo com o cansa?o e a dor em seus corpos. — Você... realmente superou seus limites.
Leon n?o respondeu de imediato. Ele olhava para o corpo mutilado de Connor, ainda respirando pesadamente. Seu cora??o batia forte, sua mente girava com a adrenalina. Mas ele sabia que n?o era só uma quest?o de for?a física. Algo dentro dele havia mudado. Ele n?o era mais o mesmo garoto de antes. Ele se sentia diferente, mais forte, mais determinado. E isso o assustava.
— Eu n?o queria... — Ele murmurou, a voz tensa. Ele n?o queria matar, n?o da maneira como fizera, mas naquele momento, a fúria dentro dele havia sido maior que sua raz?o. — Eu n?o sabia que tinha tanto dentro de mim.
Barbara se aproximou, ajudando Isabelle a se levantar. A express?o de Barbara era séria, mas ela parecia mais calma agora, como se estivesse aliviada por saber que Leon n?o havia sido derrotado.
— Todos nós temos algo assim dentro de nós, Leon. Algo que nos faz superar nossos limites. Mas você precisa aprender a controlar isso. — Ela disse, olhando para o jovem com uma intensidade silenciosa.
O som de passos pesados interrompeu o momento de silêncio. Kyra "Tempest", a líder dos Saqueadores, entrou na sala, seus olhos avaliando a situa??o. Ela estava suja de sangue, mas sua postura era inabalável, como sempre. Seu olhar encontrou Leon, e por um momento, ela ficou em silêncio, como se estivesse decidindo o que dizer.
— Impressionante. — Kyra finalmente falou, sua voz grave, mas cheia de respeito. — Você conseguiu, Leon. Você derrotou Connor. Mas isso foi apenas uma parte do que vem por aí. A verdadeira guerra está apenas come?ando.
Leon sentiu um arrepio. A realidade de sua situa??o estava come?ando a se instalar. Ele havia derrotado um dos mais fortes inimigos, mas os outros estavam lá fora, e eles seriam ainda mais poderosos.
— Agora, precisamos nos concentrar no próximo passo. — Kyra continuou. — O Lorde da Escurid?o n?o vai esperar. Ele vai vir atrás de nós, e precisamos estar prontos.
A tens?o na sala aumentou, e os outros veteranos dos Saqueadores come?aram a se aproximar, cada um com seu próprio conjunto de ferimentos e cicatrizes. Eles sabiam que a luta contra o General Connor era apenas o início de uma batalha muito maior.
Zeke, embora gravemente ferido, levantou-se com esfor?o. Seu corpo estava coberto de cortes profundos, mas seu olhar permanecia firme.
— Temos que estar preparados para o que vem. O Lorde da Escurid?o n?o vai ser fácil. — Ele disse, sua voz cheia de cansa?o, mas também de uma determina??o inabalável. — Mas agora sabemos do que Leon é capaz. E isso vai fazer toda a diferen?a.
Barbara olhou para Leon, seus olhos refletindo a compreens?o do que estava em jogo.
— Vamos lutar juntos, Leon. N?o importa o qu?o difícil seja, vamos passar por isso. — Ela disse, estendendo a m?o para ele.
Leon olhou para a m?o de Barbara e a apertou com for?a, sentindo o apoio dos amigos ao seu redor. Ele sabia que, embora a batalha fosse imensa e cheia de desafios, ele n?o estava sozinho. Mas havia algo dentro dele que o incomodava. Ele sentia que, apesar de toda a for?a que havia ganhado, ainda n?o estava pronto para o que estava por vir.
Kyra, observando o momento, acrescentou:
— A for?a que você demonstrou n?o é comum, Leon. N?o subestime o que você tem dentro de si. Mas lembre-se, você n?o pode fazer isso sozinho. A verdadeira for?a vem de saber quando pedir ajuda e saber confiar nos outros.
Aquelas palavras ecoaram na mente de Leon. Ele sabia que tinha uma miss?o à frente, uma miss?o que era maior do que qualquer coisa que ele já tivesse enfrentado. Mas ele também sabia que n?o poderia fazer isso sozinho.
Ao cair da noite, os Saqueadores se reuniram em um círculo, discutindo os próximos passos. Eles sabiam que o Lorde da Escurid?o era uma amea?a que n?o podiam subestimar, e o plano de atacar logo seria a única maneira de evitar que mais vidas se perdessem.
— Amanh?, nós partimos. — Kyra disse, interrompendo a discuss?o. — Vamos dar o primeiro passo para derrotar o Lorde da Escurid?o. E Leon, lembre-se: sua jornada n?o acaba aqui. Ela apenas come?ou.
Leon olhou para seus amigos, seus aliados. Ele sabia que o que viria a seguir seria ainda mais difícil do que tudo o que já enfrentaram. Mas algo dentro dele se acendeu. Ele estava pronto para enfrentar o futuro, qualquer que fosse ele.
O General Connor estava morto, mas os verdadeiros inimigos ainda estavam por vir. E Leon, com seus núcleos recém-despertos e sua for?a crescente, estava decidido a lutar até o fim.
Capítulo 2 – Ato 3: A Prepara??o para o Inimigo
O sol mal come?ava a nascer quando os Saqueadores come?aram a se reunir na base. O plano estava em andamento, e todos sabiam que a batalha contra o Lorde da Escurid?o estava próxima. Mas antes de dar o passo definitivo, havia uma última prepara??o que precisava ser feita. A miss?o exigia o máximo de suas habilidades e for?a, e todos precisavam estar prontos.
Leon estava mais quieto do que o normal. Sua mente ainda estava em um turbilh?o de pensamentos. Ele n?o podia parar de pensar no que havia acontecido com o General Connor e como sua própria for?a parecia ter aumentado. Ele ainda n?o entendia completamente o que havia despertado dentro de si, mas sabia que isso o tornaria uma pe?a chave na luta que viria.
Isabelle se aproximou dele enquanto ele observava o horizonte. Ela estava com os olhos um pouco inchados devido ao ferimento no bra?o, mas sua express?o era firme.
— Você está pensativo demais, Leon. — Ela comentou com um sorriso suave. — Eu sei que estamos prestes a enfrentar algo muito grande, mas você precisa descansar também.
Leon olhou para Isabelle, vendo nela uma presen?a reconfortante, uma fonte de apoio que ele sabia que poderia contar. N?o era só sobre o poder. Era sobre o vínculo que estavam construindo.
— Eu... n?o sei se estou pronto para isso. — Ele respondeu, a voz mais baixa do que o normal. — O General Connor foi forte, mas o Lorde da Escurid?o... eu sinto que será muito pior.
Isabelle colocou uma m?o no ombro dele, olhando-o com olhos sinceros.
— Você já superou muito até agora, Leon. N?o subestime a sua for?a. E n?o importa o qu?o difícil seja, você tem todo o nosso apoio. — Ela disse com confian?a.
Antes que Leon pudesse responder, o som de passos apressados chamou sua aten??o. Kyra apareceu na entrada da sala de treinamento improvisada, onde todos estavam reunidos.
— Estamos prontos para o próximo passo. — Disse ela, sua voz firme e decidida. — O plano está em andamento. O Lorde da Escurid?o n?o vai nos dar trégua, ent?o precisamos nos mover rápido. Todos os Saqueadores, preparem-se. Hoje, damos início à nossa ofensiva.
Os Saqueadores come?aram a se preparar, colocando seus uniformes e checando suas armas. Era um clima tenso, de expectativa e determina??o. Cada um deles sabia que essa era uma batalha que mudaria tudo.
Barbara, que estava próxima de Leon, olhou para ele com um sorriso de apoio.
— Lembre-se, Leon, você n?o precisa fazer isso sozinho. Estamos juntos nessa. — Ela disse, um toque de carinho em sua voz.
Leon olhou para ela, sorrindo fraco, sentindo o peso das palavras dela. Ele sabia que, com seus amigos ao seu lado, ele n?o estava sozinho. Mas o que estava por vir exigiria mais do que qualquer um poderia imaginar.
Enquanto os Saqueadores terminavam seus preparativos, Zeke e Haru conversavam sobre a estratégia que estavam prestes a implementar. Eles precisavam infiltrar-se no território do Lorde da Escurid?o e atacar seus pontos fracos. O objetivo era dar um golpe decisivo que enfraquecesse a base do inimigo e criasse uma abertura para que eles pudessem derrotá-lo de uma vez por todas.
— N?o subestime a escurid?o desse lugar. O Lorde da Escurid?o vai tentar manipular tudo e todos. Precisamos manter o foco. — Zeke advertiu, dando um último toque nas laminas que carregava.
Haru concordou, a express?o séria. Ela sabia o que estava em jogo.
— Estarei pronta para qualquer coisa. N?o vamos deixar que ele ven?a. — Ela respondeu, os punhos cerrados, determinada.
O dia foi se estendendo enquanto os Saqueadores finalizavam os preparativos. Leon se encontrava mais focado, mas a ansiedade come?ava a crescer dentro dele. Ele sabia que a verdadeira batalha estava apenas come?ando, e ele n?o sabia o que mais ele teria que fazer para manter todos vivos.
Quando finalmente todos estavam prontos para partir, Kyra reuniu todos na sala principal.
— Vamos agir com cautela. N?o sabemos o que o Lorde da Escurid?o preparou para nós. E, Leon, você vai ser nosso ponto focal. Seu poder recém-despertado será crucial para esse ataque. — Ela disse, os olhos penetrantes em Leon.
Leon acenou com a cabe?a, sentindo a press?o aumentar. Ele sabia que seria o responsável por muitos ali.
O grupo partiu em dire??o ao local onde o Lorde da Escurid?o estava se escondendo, uma fortaleza em ruínas que estava imersa na escurid?o. Era uma estrutura cheia de armadilhas e for?as misteriosas. Quando chegaram, sentiram uma press?o no ar, algo que fazia o cora??o de todos bater mais rápido.
— Isso n?o vai ser fácil. — Kyra murmurou. — Mas temos que continuar, n?o importa o que aconte?a.
A entrada da fortaleza estava cercada por uma neblina densa, e enquanto o grupo avan?ava, as sombras ao redor pareciam se mover, como se estivessem observando-os. O Lorde da Escurid?o estava mais perto do que imaginavam.
O plano estava em andamento, mas Leon sabia que a verdadeira batalha seria travada n?o só com for?a, mas com a inteligência e coragem de todos os Saqueadores. Ele sentiu o peso do que estava por vir, mas, pela primeira vez, ele acreditava verdadeiramente que poderiam vencer. Eles haviam passado por tanta coisa até agora, e essa guerra n?o seria diferente. O vento gelado da noite cortava a pele dos Saqueadores enquanto eles se aproximavam da fortaleza. A neblina espessa tornava a visibilidade limitada, mas o senso de urgência era claro. Cada passo que davam em dire??o ao local de confronto os aproximava mais do maior desafio de suas vidas.
Leon sentiu o peso da responsabilidade em seus ombros. Ele olhou ao redor, vendo seus amigos e companheiros de batalha, cada um com sua express?o de determina??o. Isabelle estava ao seu lado, sua presen?a reconfortante, mas ela também estava tensa. Ele podia ver que ela estava preocupada, mas n?o estava disposta a demonstrar fraqueza.
— Lembre-se, Leon. O poder que você tem agora n?o é algo que você deve temer. — Ela disse com um sorriso encorajador. — O que você tem dentro de si é uma for?a que pode mudar tudo. N?o se esque?a disso.
Leon assentiu, tentando se convencer de suas palavras. A escurid?o ao seu redor parecia quase palpável, como se as sombras estivessem tentando engoli-los. Ele podia sentir a tens?o no ar, como se algo estivesse prestes a acontecer. O Lorde da Escurid?o os estava esperando.
Chegaram à entrada principal da fortaleza, uma grande porta de metal enferrujado que parecia n?o ter sido aberta há séculos. Ao se aproximarem, Zeke colocou a m?o na ma?aneta, fazendo o metal ranger com um som baixo, mas suficiente para alertar qualquer um do que estava por vir.
— Preparem-se. — Kyra murmurou, sua voz fria e calculista.
Com um empurr?o, a porta se abriu, revelando um corredor escuro e tortuoso, com chamas baixas iluminando vagamente o caminho à frente. O ar estava pesado, e cada passo parecia ecoar como um trov?o no silêncio absoluto.
— Está vindo. — Barbara sussurrou, olhando ao redor com cautela.
O grupo avan?ou pela fortaleza, tomando cada corredor com cuidado. A cada novo passo, a tens?o só aumentava, até que uma figura imponente surgiu diante deles. O Lorde da Escurid?o estava ali, em toda a sua glória sombria. Seus olhos, como abismos, brilhavam com um mal indescritível. Ele sorriu ao ver os Saqueadores, como se estivesse esperando por eles o tempo todo.
— Ent?o vocês finalmente chegaram. — A voz dele ressoou, profunda e cheia de poder. — Eu estava come?ando a achar que iam desistir.
Kyra avan?ou, sua espada em m?os, com os olhos fixos na figura do Lorde.
— N?o importa o quanto você tente, vamos acabar com você hoje. — Ela falou com autoridade, o tom desafiador n?o deixando espa?o para dúvidas.
O Lorde riu, sua risada ecoando pela sala como se estivesse sendo amplificada por mil vozes.
— Vocês n?o têm ideia do que est?o enfrentando, n?o é? — Ele disse, estendendo as m?os, como se invocasse algo além deste mundo.
Nesse instante, uma press?o imensa os envolveu, fazendo o ar se tornar pesado e difícil de respirar. As sombras come?aram a se mover, tomando forma, cercando-os de todos os lados. O Lorde da Escurid?o estava controlando as próprias sombras para atacá-los.
— N?o adianta lutar contra a escurid?o. Ela é mais forte que qualquer um de vocês. — Ele sussurrou, enquanto as sombras se agitavam violentamente.
Zeke foi o primeiro a atacar, correndo com suas laminas afiadas. Ele cortou o ar, mas as sombras apenas absorveram os golpes, desviando-os com facilidade. Ele saltou para o lado, tentando reagir, mas a for?a das sombras o fez cair no ch?o com um impacto brutal.
— Zeke! — Leon gritou, correndo até ele, mas foi interrompido por uma sombra gigantesca que o atacou, agarrando-o pelos tornozelos e levantando-o no ar. Ele tentou se libertar, mas a for?a da sombra era esmagadora.
— Isso é só o come?o, Leon. — O Lorde da Escurid?o disse com uma calma mortal, observando-o lutar contra a press?o crescente da sombra.
Mas Leon n?o cedeu. Sentindo a fúria dentro de si, algo dentro dele come?ou a despertar mais uma vez. Ele fechou os olhos, deixando sua mente se concentrar na dor e no medo, canalizando tudo isso em uma explos?o de energia.
No momento em que ele abriu os olhos, eles estavam brilhando com uma intensidade quase sobrenatural, e a press?o das sombras parecia diminuir ao seu redor. Leon explodiu de sua pris?o de sombras com uma for?a imensa, quebrando as correntes que o prendiam. Ele caiu pesadamente no ch?o, mas se levantou rapidamente, mais forte do que nunca.
— Isso... isso é só o come?o, Senhor da Escurid?o. — Ele falou com uma confian?a renovada, seus punhos cerrados com tanta for?a que o ar ao seu redor parecia vibrar.
Isabelle, vendo o potencial de Leon, correu para o seu lado, lutando ao seu lado, se movendo com uma agilidade impressionante. As sombras n?o conseguiam mais segui-la, e sua espada cortava a escurid?o como se fosse feita de luz.
O Lorde da Escurid?o, vendo que seus ataques n?o estavam surtindo efeito, fez um movimento abrupto com as m?os, liberando uma onda de energia escura que empurrou todos para trás. O impacto foi devastador, fazendo o ch?o tremer e as paredes da fortaleza se racharem.
Barbara, Kyra e o restante do grupo lutavam de forma implacável, mas o poder do Lorde da Escurid?o ainda era enorme. Ele manipulava as sombras com tanta precis?o e ferocidade que parecia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, atacando de qualquer angulo.
Quando a batalha parecia estar prestes a tomar um rumo negativo para os Saqueadores, Leon fez algo que surpreendeu até mesmo a ele mesmo. Ele usou a for?a que havia acumulado com o despertar de seus poderes e canalizou toda a sua energia para um único golpe. Com um grito de fúria, ele saltou para o Lorde da Escurid?o, os punhos envoltos em uma aura negra e incandescente.
O golpe foi t?o rápido e forte que atravessou o corpo do Lorde, rasgando sua carne e deixando um rastro de sangue escuro no ar. O Lorde da Escurid?o recuou, uma express?o de surpresa em seu rosto. Seu corpo estava mutilado, mas ele ainda estava de pé, embora ferido gravemente.
— Vocês... s?o mais fortes do que eu pensava. — Ele disse com um olhar de ódio, come?ando a desaparecer nas sombras.
— N?o pense que vai escapar. — Leon gritou, sua voz cheia de raiva. Mas o Lorde já havia fugido para seu próprio domínio, desaparecendo por completo.
Enquanto Leon observava o Lorde da Escurid?o recuar, acreditando que finalmente o havia derrotado, uma sensa??o de vitória tomou conta dele. Ele mal conseguia processar o impacto do golpe, a adrenalina ainda pulsando nas veias. Mas antes que pudesse dar um passo para respirar, uma onda de escurid?o se formou atrás dele, t?o rápida que nem mesmo seus sentidos agu?ados conseguiram captar.
Sem aviso, o Lorde da Escurid?o apareceu nas costas de Leon. Com uma agilidade sobrenatural, ele brandiu sua lamina feita de pura energia escura e a cravou nas costas de Leon, em um movimento preciso e mortal.
A lamina atravessou a carne de Leon com um som nauseante, rasgando músculos e órg?os em seu caminho. A sensa??o do corte profundo e venenoso se espalhou pelo corpo de Leon como um incêndio, seu sangue fervendo a cada batimento. Ele tentou gritar, mas suas for?as estavam se esvaindo rapidamente. O veneno que o Lorde da Escurid?o havia injetado em sua lamina se espalhou, corroendo suas células e lentamente paralisando-o.
Leon caiu no ch?o com um estrondo surdo, sua vis?o come?ando a turvar. Ele tentou se levantar, mas o veneno corroía sua resistência, fazendo com que seus membros se tornassem pesados, como se o próprio ar estivesse tentando afastá-lo da vida.
O Lorde da Escurid?o se aproximou, olhando para Leon com um sorriso satisfeito.
— Agora... você vai entender a verdadeira diferen?a entre nós. — O Lorde disse, sua voz baixa e cheia de desprezo. Ele observou enquanto Leon lutava para manter os olhos abertos. — Seu destino foi selado, Leon. Eu finalmente consegui o que queria.
O Lorde da Escurid?o deu um passo atrás, observando a cena. Leon, com os olhos esvaindo-se de vida, n?o conseguia mais manter sua consciência. Ele n?o estava mais consciente do que acontecia ao seu redor, o mundo ao seu redor estava se tornando um borr?o de dor e escurid?o.
Mas antes de desaparecer por completo, Leon ouviu uma última palavra do Lorde:
— Descanse em paz... herói.
Com essas palavras, o Lorde da Escurid?o, aparentemente satisfeito com a destrui??o que causara, virou-se e desapareceu na escurid?o. Um buraco ainda sangrava em seu peito, uma ferida que ele parecia n?o se preocupar enquanto se afastava.
Enquanto o corpo de Leon estava agora inerte, o veneno ainda corroendo suas entranhas, parecia que tudo estava perdido. Mas o Lorde da Escurid?o n?o sabia que o que ele havia feito n?o era o fim, mas apenas o início de uma nova fase. E antes de sair completamente da fortaleza, o Lorde da Escurid?o murmurou, como se uma sombra o estivesse envolvendo.
— Eu finalmente ganhei... mas será que o fim de Leon realmente foi o fim de tudo? Ou ele encontrará uma maneira de voltar?
Com a mente cheia de dúvidas, o Lorde da Escurid?o fugiu para se curar de suas próprias feridas. E Leon, agora caído e quase sem vida, estava prestes a descobrir o poder que poderia salvá-lo.
Os amigos de Leon estavam paralisados. A cena diante deles parecia surreal, como se uma parte da realidade tivesse sido arrancada de um pesadelo. O corpo de Leon estava ali, pálido e imerso em sangue, a lamina envenenada cravada em suas costas, profundamente enraizada nas feridas que o lorde das sombras lhe causara. O cora??o de todos os presentes parecia pesado, o ar denso com a dor e o desespero. A luta ainda estava fresca em suas mentes, mas o que mais os abalava era a certeza de que perderam Leon. Ele havia sido a chave para derrotar o lorde, mas o pre?o foi alto demais.
Isabelle foi a primeira a se aproximar do corpo dele, seus olhos vermelhos, como se tivesse sido arrancada de um mundo que conhecia. A dor de perder alguém que ela já come?ava a ver como mais do que um aliado, mas como algo mais profundo, tomou conta de seu peito.
– Leon... – ela sussurrou, com a voz trêmula, tocando seu rosto pálido. – N?o pode ser... Ele n?o pode ter morrido.
Zeke, mais ao fundo, ainda processando, foi até ela, colocando a m?o em seu ombro, tentando oferecer algum consolo, mas as palavras falhavam. N?o havia o que se dizer quando a perda era t?o grande.
Theo e Davi estavam parados, observando o corpo de Leon como se esperassem que ele levantasse a qualquer momento, como se fosse uma piada cruel que eles ainda n?o conseguiam entender. Luna, por outro lado, estava quase em estado de choque. Ela conhecia Leon desde muito antes disso tudo, e vê-lo ali, imobilizado, era um golpe que ela n?o sabia se conseguiria suportar. Mesmo com todo o poder que eles haviam ganhado, ainda eram humanos, e esse tipo de perda n?o era algo que se pudesse facilmente superar.
Axel, Haru, Kyra, e os outros veteranos dos Saqueadores estavam de cabe?a baixa. Embora n?o tivessem um vínculo t?o profundo com Leon quanto os mais próximos, o vínculo entre todos no time era forte. Perder alguém da equipe era como perder uma parte do próprio cora??o.
A dor coletiva de perder Leon se espalhou como uma doen?a, se tornando mais difícil de suportar a cada dia que passava. O grupo se uniu em silêncio, cada um enfrentando a realidade à sua maneira, mas todos sabiam que, sem Leon, o futuro parecia sombrio.
Passaram-se 15 dias desde a morte de Leon. Durante esse tempo, o time ficou em luto. As miss?es foram interrompidas, os treinos suspensos. A atmosfera estava pesada. Todos estavam tentando processar a perda, com o fantasma da ausência de Leon pairando sobre eles como uma sombra constante. Isabelle, embora cercada pelos amigos, sentia um vazio imenso. N?o sabia como seguir sem ele, como se uma parte essencial de si mesma tivesse sido arrancada.
Foi ent?o, em uma noite sem lua, que algo inesperado aconteceu. O silêncio da base foi quebrado por uma presen?a, uma sensa??o estranha que percorreu a espinha de cada um. Ninguém esperava, mas todos sentiram. O ar estava denso, e de alguma forma, parecia como se Leon estivesse de volta.
No come?o, foi apenas um movimento de sombra, um borr?o no canto da sala, que logo foi substituído por uma figura imponente. Leon estava ali, mas algo estava diferente. Ele estava mais frio, mais distante, e seus olhos... Seus olhos n?o eram os mesmos. O brilho que antes refletia a humanidade dele, aquela chama de vida e emo??o, agora parecia uma tempestade imperturbável. Ele n?o estava mais visivelmente ferido, e sua postura estava mais rígida, quase como se ele tivesse se tornado uma vers?o de si mesmo mais calculista, mais centrada, mais... perigosa.
Isabelle foi a primeira a dar um passo à frente, seu olhar cheio de uma mistura de surpresa e alívio, mas também de uma preocupa??o crescente. A express?o fria e distante de Leon n?o passava despercebida.
– Leon... – ela disse, com a voz trêmula, mas tentava segurar o choro. – Você... Você está de volta?
Leon a olhou, mas n?o falou nada. Ele apenas olhou para os outros, seus amigos, com um olhar distante, como se estivesse os avaliando. Ele n?o parecia mais o Leon que havia partido. Sua presen?a era t?o poderosa que mesmo os veteranos, acostumados com situa??es de combate, sentiram um calafrio.
– Você... Está bem? – perguntou Zeke, tentando entender o que acontecia com ele. N?o parecia ser o mesmo Leon.
– Sim. Estou bem – Leon respondeu, com uma voz mais grave, mais controlada. – Mas... algo em mim mudou.
Luna, ainda incrédula, deu um passo cauteloso em sua dire??o, tentando tocá-lo, como se fosse ver se ele estava realmente ali, se era real.
– O que aconteceu com você? – ela perguntou, com a voz quase abafada, o cora??o batendo acelerado.
Leon virou para ela, sua express?o impassível. N?o havia emo??o visível, mas havia algo nos olhos dele que a fazia sentir que ele n?o era mais o mesmo.
– Eu acordei. – Leon simplesmente disse.
E naquele momento, todos perceberam que a morte de Leon n?o havia sido um fim, mas apenas um recome?o. Leon estava de volta, mas algo nele estava diferente. Ele n?o era mais o mesmo Leon animado e impulsivo que todos conheciam. A sua presen?a agora era mais imponente, como se houvesse uma frieza em cada movimento seu, em cada palavra que proferia. Ele parecia distante, como se estivesse processando algo muito maior do que qualquer um ali pudesse compreender.
Isabelle, que até aquele momento tinha se mostrado a mais aliviada com seu retorno, sentiu uma pontada de desconforto ao observar a express?o de Leon. Ele parecia estar distante, em outro lugar, como se sua alma tivesse sido tocada por algo muito mais profundo do que a simples ressurrei??o.
– Leon... – Isabelle chamou com cautela, se aproximando dele, mas ainda mantendo uma certa distancia. – Você... n?o parece o mesmo.
Ele a olhou por um momento, os olhos penetrantes, frios, como se ela fosse apenas mais uma pessoa em sua jornada. N?o havia a energia calorosa de antes, nem a empatia que Leon costumava ter.
– N?o sou. – Leon respondeu de forma simples, mas com um tom grave, como se cada palavra tivesse um peso maior agora. – Algo despertou dentro de mim, Isabelle. N?o posso mais ignorar isso.
A express?o de Isabelle vacilou. Ela queria entender o que ele queria dizer, mas as palavras dela estavam presas. O Leon com quem ela tinha compartilhado tantos momentos, tantas memórias, agora parecia estar... perdido em algum lugar, atrás dos olhos que antes a protegiam com um brilho protetor.
Zeke foi o próximo a tentar quebrar o gelo, mas também n?o sabia o que esperar. O Leon diante deles parecia uma máquina, alguém muito mais focado, com um controle absoluto sobre seus sentimentos.
– Leon, você precisa entender o que está acontecendo. N?o podemos seguir sem saber o que mudou em você. – Zeke disse, a preocupa??o evidente em sua voz.
Leon olhou para Zeke com uma express?o que n?o transmitia emo??es, mas ao mesmo tempo, ele parecia refletir sobre as palavras. Ele sabia que os outros estavam preocupados, mas a verdade era que ele mesmo n?o sabia ao certo o que havia acontecido. O despertar dos núcleos havia lhe dado algo que ele ainda n?o conseguia compreender completamente. Ele sentia o poder dentro de si, pulsando, mas também sentia uma press?o que o for?ava a ficar em silêncio.
– Eu n?o posso mais ser o mesmo. – Leon disse com uma seriedade que fez os outros se calarem. – O que aconteceu comigo... n?o é algo que posso simplesmente ignorar. N?o sei o que é, mas n?o posso deixar que isso me controle. Agora, eu sou mais do que fui. Agora, sou o suficiente.
Essas palavras, ditas de forma t?o simples, soaram como uma senten?a. O Leon que todos conheciam havia desaparecido, dando lugar a alguém mais introspectivo e calculista. Algo estava acontecendo com ele, algo profundo e perigoso. Isabelle, tentando entender o que ele estava sentindo, se aproximou lentamente. Seus olhos estavam marejados, n?o de tristeza apenas, mas de um sentimento estranho, como se ela estivesse diante de alguém que amava, mas que agora era um completo estranho.
— Você ainda é o Leon… o meu Leon… n?o é? — ela perguntou, com a voz baixa, quase um sussurro.
Leon desviou o olhar por um momento, respirando fundo. As lembran?as do que sentiu enquanto “morto” ainda o assombravam — o vazio, a dor, o despertar brutal de mais um núcleo. Aquele lugar sombrio, onde o tempo n?o existia, onde apenas o instinto de sobreviver gritava em sua mente. Ele voltou... mas perdeu algo naquele caminho.
— Eu sou... mas também n?o sou mais. — ele respondeu. — Ainda lembro de tudo, de todos vocês. Mas agora, eu entendo que n?o posso mais ser guiado por sentimentos. Eu preciso estar um passo à frente... ou vamos todos morrer.
As palavras cortaram como facas. Theo, que até ent?o mantinha a cabe?a baixa, levantou o olhar com raiva nos olhos.
— Que merda é essa, Leon? A gente morreu junto com você por dentro! E você volta e diz isso como se... como se fosse só mais um dia normal? Nós sentimos sua falta, porra!
Luna tentou conter as lágrimas, mas foi impossível. Ela correu e abra?ou Leon com for?a, mesmo que ele n?o retribuísse da mesma forma.
— A gente só quer você de volta, n?o esse... esse fantasma.
Leon fechou os olhos, sentindo o abra?o. Sua m?o tremeu levemente antes de encostar nos ombros dela.
— Eu preciso que confiem em mim. A guerra ainda n?o acabou... e eu n?o posso falhar de novo.
O silêncio tomou conta por um momento.
Foi ent?o que Yuki entrou na sala. Ele observou a tens?o no ar, a presen?a de Leon, e por um instante, pareceu sorrir levemente.
— Ele despertou mais do que um núcleo... ele tocou o instinto puro, n?o foi?
Leon apenas assentiu com a cabe?a.
— Ent?o agora é real... — Yuki murmurou. — O verdadeiro Leon está come?ando a nascer.
E com isso, todos entenderam. Algo muito maior estava por vir. E Leon… n?o era mais apenas uma pe?a no jogo. Ele era o início de algo novo.
O Leon que morreu... ficou no passado.
O Leon que retornou… era o que iria mudar tudo. Nos dias que se seguiram ao retorno de Leon, o clima entre os Saqueadores era de tens?o constante. Ninguém sabia ao certo como agir perto dele. O garoto que havia morrido era gentil, impulsivo às vezes, mas genuíno. Esse novo Leon era frio, direto… e poderoso. Parecia carregar o peso do mundo nos ombros — sozinho.
Mas havia uma pessoa que n?o estava disposta a aceitar isso t?o facilmente.
Barbara.
Ela conhecia Leon desde muito antes de todos ali. Conhecia o garoto que sorria sem motivo, que ficava empolgado com jogos bestas, que falava pelos cotovelos quando via uma estrela cadente. Ela conhecia o Leon antes da escurid?o. E talvez por isso, fosse a única capaz de alcan?ar o que restava dele por dentro.
Numa tarde, ela o encontrou sozinho, sentado na borda de um dos terra?os da base dos Saqueadores. O vento frio batia nos cabelos dele, enquanto os olhos encaravam o horizonte — sem express?o alguma.
— Acha mesmo que pode fugir de tudo que sente? — disse ela, com a voz firme, mas suave.
Leon n?o olhou.
— Sentimentos s?o distra??es. Foram eles que me fizeram hesitar antes. E foi por isso que eu morri.
Barbara se aproximou devagar, sentando ao lado dele. Ficaram em silêncio por alguns minutos.
— Você n?o morreu por causa dos sentimentos, Leon... você morreu porque é humano. E porque enfrentou um monstro sozinho.
Leon fechou os olhos por um instante.
— Eu n?o sou mais o mesmo.
— N?o. N?o é. Mas isso n?o significa que precisa se apagar por dentro.
Ela segurou a m?o dele. Por um segundo, ele quis puxar, como se aquilo fosse uma amea?a. Mas n?o puxou. Ficou ali, imóvel.
— Você lembra da gente? — ela perguntou, olhando direto pra ele. — Da gente fugindo da escola pra comprar milkshake na lanchonete da esquina? Da vez que você quebrou o bra?o defendendo meu cachorro? Das promessas que a gente fez?
Ele virou o rosto, finalmente encarando os olhos dela. E, naquele instante, algo brilhou. Uma rachadura no muro de gelo.
— Eu lembro... mais do que gostaria.
Barbara sorriu, com os olhos cheios d’água.
— Ent?o me deixa trazer você de volta. Nem que seja só um pouco. Eu sou teimosa, Leon. E eu ainda te amo.
Silêncio.
Leon abaixou a cabe?a, fechando os olhos.
— Eu n?o sei mais como amar.
— Ent?o deixa que eu te ensino de novo.
Ela encostou a testa na dele, e naquele momento… pela primeira vez em muito tempo, ele respirou fundo — de verdade.
A partir dali, os dois come?aram a passar mais tempo juntos. Barbara insistia, puxava conversa, for?ava ele a rir mesmo que de leve. O Leon frio ainda estava lá, mas aos poucos, em meio a treinos, caminhadas noturnas, conversas silenciosas e beijos tímidos, o antigo Leon come?ava a espiar pelas frestas.
Ela n?o queria consertá-lo. Só queria lembrar quem ele era.
E talvez… só talvez… ele come?asse a lembrar também. Os dias foram passando, e com eles, Leon come?ou a ceder.
N?o era algo visível de imediato, mas para Barbara, que conhecia até o jeito dele respirar, cada detalhe contava. Um olhar mais suave. Um comentário seco, mas que deixava escapar um leve tra?o de humor. O fato de n?o se afastar mais quando ela o tocava. Pequenas vitórias… mas vitórias.
Ela come?ou a puxá-lo para sua rotina.
— Vamos sair. Só nós dois. Sem treino, sem Saqueadores, sem guerra — ela dizia, com aquele sorriso teimoso que ele já conhecia desde os tempos antigos.
E eles saíam.
Caminhavam pelas florestas ao redor da base, sentavam à beira de lagos, conversavam sobre o passado. Barbara falava sobre seus sonhos, e mesmo quando Leon n?o respondia, ele ouvia. E ouvir, para ele, já era um ato de intimidade.
Teve um momento em especial.
Na antiga sala de comunica??es abandonada da base, ela o levou lá no fim de um dia.
— Lembra daqui? Foi onde você me ensinou a usar meu primeiro bast?o de combate.
— Eu lembro que você quase quebrou meu nariz — ele disse, num tom seco.
— Você ficou dois dias emburrado.
— Porque você me chamou de “mestre dos narizes quebrados” depois.
Ela riu alto. Ele n?o sorriu. Mas os olhos… os olhos deixaram escapar uma centelha. E Barbara sabia: estava funcionando.
Ela se aproximou devagar, encostando a m?o no peito dele.
— Sabe o que eu acho, Leon? Que você ainda sente tudo. Só n?o sabe como lidar com isso.
— Se eu sentir… eu perco o foco. E a próxima vez que eu cair, talvez n?o volte.
— E se o que te faz voltar… for justamente o que você sente?
Leon ficou em silêncio. O olhar dele caiu para a m?o dela, sobre o peito dele. E ent?o, como se algo dentro dele finalmente rompesse a armadura que havia construído, ele levou a m?o até o rosto dela, com um toque suave. Quase reverente.
— Barbara… — ele disse, num sussurro — …eu n?o quero te perder também.
Ela encostou os lábios nos dele, num beijo demorado, lento. Um beijo sem pressa, sem explos?o, mas cheio de significado. Era a resposta. A promessa.
Depois daquele dia, os dois come?aram a dividir mais do que apenas momentos.
Leon passava as noites no quarto dela, n?o por desejo carnal, mas por paz. Pela primeira vez em muito tempo, ele dormia de verdade. Sem pesadelos. Com a cabe?a no colo dela, os dedos entrela?ados, sentindo-se humano outra vez.
Ela, por sua vez, nunca cobrava. Nunca pressionava. Apenas estava lá, inteira, leal… e constante. E Leon, mesmo sem saber como dizer, amava isso nela.
Um amor silencioso, mas que estava voltando a crescer.
Um amor que poderia ser sua última ancora… antes da guerra final. As noites, antes silenciosas e vazias, agora tinham outra textura.
Barbara passou a encontrar Leon quase todos os dias ao entardecer, sentados juntos em um canto tranquilo da base, muitas vezes em silêncio. Era o tipo de silêncio que só duas pessoas que se entendem completamente conseguem compartilhar — um silêncio cheio de sentimento.
Certa noite, ela trouxe dois copos de chocolate quente. Leon, ao ver, ergueu uma sobrancelha.
— Chocolate quente?
— Você sempre odiou café forte. E eu achei que seria bom... lembrar — ela respondeu, sentando ao lado dele.
Ele aceitou o copo, meio hesitante, mas tomou um gole.
— Tá horrível — ele disse, sem express?o.
— Tá sim — ela respondeu, rindo. — Mas é o que temos.
Mesmo diante das feridas da guerra, dos treinos incessantes e da dor que carregava por dentro, com Barbara, Leon conseguia… respirar.
Ela gostava de apoiar a cabe?a no ombro dele enquanto assistiam ao p?r do sol. às vezes desenhava nas costas da m?o dele com os dedos, distraidamente, como se escrevesse histórias ali.
— O que você tá desenhando? — ele perguntou uma vez.
— Nossa vida depois disso tudo — ela sussurrou, ainda tra?ando linhas invisíveis com o dedo.
Leon n?o respondeu, mas olhou para a m?o dela e a segurou com firmeza. Pela primeira vez em muito tempo, seu cora??o pareceu bater mais leve.
Durante as madrugadas em que os pesadelos o acordavam, era o cheiro do cabelo dela, ou o som calmo da respira??o dela ao lado, que trazia sua mente de volta. Ela era o único refúgio do mundo onde ele n?o precisava ser o guerreiro, o soldado, o símbolo da resistência. Com ela, ele podia ser apenas… Leon.
Certa noite, eles estavam deitados sob o céu estrelado, nas colinas atrás da base. Barbara apontava as constela??es.
— Aquela ali... é a constela??o do Cora??o Partilhado. Dizem que quando duas pessoas olham pra ela ao mesmo tempo, elas nunca mais se separam.
— Supersti??o — ele respondeu.
— E desde quando você n?o acredita em milagres?
— Desde que eu morri, Barb.
Ela virou o rosto pra ele, suavemente.
— E ainda assim, você voltou. Isso n?o é um milagre?
Leon a encarou. Pela primeira vez em dias, sorriu. Um sorriso pequeno. Mas verdadeiro.
— Talvez… você seja o milagre.
Barbara deitou a cabe?a no peito dele e fechou os olhos, sorrindo também.
E ali, sob o céu, em meio à guerra e à dor, dois cora??es se reconectavam. Lentamente, como quem costura algo rasgado com muito cuidado.
Era o início de algo lindo. Algo forte. Algo que, mesmo nas batalhas mais sangrentas, seria a centelha que manteria Leon humano.
Os dias passavam devagar, como se o mundo estivesse em compasso de espera. Enquanto os Saqueadores se reorganizavam, treinavam e se preparavam para as próximas batalhas, Leon e Barbara criavam um universo à parte. Um lugar onde as cicatrizes n?o doíam tanto e onde o peso da guerra podia ser esquecido por algumas horas.
Barbara sabia que Leon n?o era mais o mesmo — e talvez nunca voltasse a ser. A frieza nos olhos dele, o silêncio prolongado, os gestos contidos… tudo isso era o reflexo da dor, da perda e da morte. Mas mesmo assim, ela enxergava além. Enxergava o garoto que ria alto quando caía de bicicleta, que protegia os amigos com o corpo e que chorava escondido quando achava que ninguém via.
E era por esse garoto que ela ficava.
Ela come?ou a deixar pequenos bilhetes espalhados pelos lugares onde sabia que Leon passaria. Frases simples. Coisas como:
"Você é mais do que suas cicatrizes."
"Hoje o p?r do sol tá bonito. Me encontra lá?"
"N?o esquece que você ainda tem um cora??o. E ele ainda bate."
Leon nunca comentava. Mas ele lia. Todos. Guardava cada um no bolso do uniforme.
Em uma noite mais fria, os dois estavam na estufa da base — um local abandonado e silencioso, onde poucas pessoas iam. Barbara havia levado algumas lanternas pequenas e uma caixa de morangos cobertos de chocolate.
— Sério que você achou isso em meio ao caos? — Leon perguntou, surpreso, olhando os morangos.
— Usei um pouco do meu charme com o Haru. Ele tinha um estoque escondido.
— Haru n?o cede nada fácil.
— é. Mas ele me deve uma desde aquela vez na miss?o em Riah.
Leon mordeu um dos morangos e, pela primeira vez em muito tempo, soltou uma risada. Uma risada leve, sincera, que fez o peito de Barbara aquecer.
— Isso... foi gostoso de ouvir — ela comentou.
— O quê?
— Sua risada. Você devia fazer isso mais.
— Eu nem lembrava mais como era.
Ela se aproximou, sentando ao lado dele, os dois encostados na parede de vidro da estufa, observando as estrelas.
— Sabe, Leon… você n?o precisa carregar tudo sozinho. Nem sempre vai ser fácil, eu sei. Mas eu t? aqui. Sempre estive.
Ele ficou em silêncio por um momento, encarando o céu.
— Depois daquilo… depois de morrer... foi como se tudo tivesse se apagado por dentro. Como se meu cora??o tivesse congelado. Mas quando eu te vi de novo... quando você segurou minha m?o, foi como se algo acendesse de novo. Mesmo que pequeno.
Barbara sorriu, com os olhos marejados.
— Isso basta pra mim. Mesmo que seja uma faísca. Eu fico aqui até virar fogo de novo.
Ela deitou no ombro dele, e Leon, num gesto raro, colocou o bra?o em volta dela, envolvendo-a com cuidado.
— Você sempre soube o que dizer.
— N?o. Eu só conhe?o você melhor do que ninguém.
— Isso é verdade… — ele respondeu, baixinho, quase como um sussurro.
Eles ficaram ali por horas, sem pressa, compartilhando calor, silêncio, olhares. Em algum momento, Barbara pegou a m?o dele e entrela?ou os dedos nos dela.
— N?o importa quantas guerras venham, Leon… enquanto você for capaz de sentir isso — ela apertou levemente a m?o dele —, você ainda é humano.
Ele olhou pra ela, e por um segundo, os olhos escurecidos pelo trauma pareceram claros de novo. Quase como antes.
E naquele momento, Leon n?o era o herói, nem o guerreiro, nem o símbolo da resistência.
Era só um garoto, quebrado, tentando se reconstruir com a ajuda da única pessoa que nunca o abandonou. Base dos Saqueadores — Sala de Treinamento Avan?ado
O som dos socos e impactos ecoava pelas paredes refor?adas da sala. Leon estava no centro, enfrentando três simulacros de elite ao mesmo tempo, cada um programado com níveis de for?a e velocidade acima do normal. Suor escorria pela testa, mas seus olhos continuavam frios e fixos.
— Nível cinco concluído. Próximo nível: seis — anunciou a IA do campo de treinamento.
— Pode vir — murmurou Leon, fechando os punhos.
Lian, Axel, Haru e até mesmo Zeke observavam do lado de fora da cabine de vidro. Todos sabiam que Leon estava ultrapassando os limites diariamente, mas ninguém ousava detê-lo. Ele precisava disso. Era como se estivesse tentando provar algo, n?o para os outros, mas para si mesmo.
Cada nível mais alto exigia mais que for?a física. Era preciso foco, controle e resistência mental. E Leon parecia ter se tornado um mestre em todos os três.
Enquanto isso, os outros também treinavam. Theo e Luna estavam em treinamento tático com Kyra. Isabelle estava com June, aprendendo a refinar sua manipula??o energética. E Yuki, observador como sempre, mantinha todos sob análise, silenciosamente impressionado com o progresso geral do grupo.
— Eles est?o mudando — comentou Yuki, ao lado de Nero. — Est?o deixando de ser apenas jovens com poderes... e se tornando soldados.
— Ou monstros, se n?o tiverem cuidado — respondeu Nero, com um olhar fixo em Leon.
Leon, agora ofegante, finalizava o último simulacro com um gancho de direita t?o poderoso que rachou a parede da arena.
— Nível seis: concluído — disse a IA.
Ele caiu de joelhos, respirando com dificuldade, mas com um sorriso de leve satisfa??o. Ele estava mais forte. E sabia disso.
Mais tarde, na mesma noite — Estufa
Barbara o esperava, sentada no mesmo canto onde haviam dividido os morangos dias atrás. Quando Leon chegou, ainda com a camiseta suada e os nós dos dedos avermelhados, ela n?o disse nada. Apenas abriu os bra?os.
Sem resistir, ele se sentou ao lado dela e encostou a cabe?a em seu ombro.
— Você se superou hoje — ela comentou, acariciando os cabelos dele com calma.
— Estou tentando alcan?ar algo… que nem eu entendo direito.
— Você já alcan?ou mais do que qualquer um teria conseguido, Leon. Mas o que você busca… n?o é algo que se mede em for?a.
— Ent?o o que é?
— Paz. — Ela o olhou nos olhos. — E n?o é vencendo mais lutas que você vai encontrá-la. é vencendo o que ficou aqui dentro — ela tocou o peito dele, com delicadeza.
Ele ficou em silêncio por alguns instantes, absorvendo aquelas palavras. O mundo inteiro estava em guerra, e mesmo assim, ali, com Barbara, tudo parecia calmo. Como se o tempo tivesse desacelerado só para eles.
— Obrigado por n?o ter desistido de mim — ele disse, por fim.
— Nunca foi uma op??o.
Leon entrela?ou seus dedos nos dela, repetindo o gesto daquela noite. E por um instante, seu olhar endurecido pareceu suavizar. Ele se permitiu deitar no colo dela, olhando o céu pela cúpula de vidro.
E pela primeira vez desde sua "morte", ele se sentiu vivo de novo. Estufa — Madrugada
O céu estava limpo, e as estrelas brilhavam com for?a através da cúpula de vidro. Leon ainda estava deitado no colo de Barbara, com o olhar perdido no infinito. Os dois estavam em silêncio, mas era aquele tipo de silêncio bom… que falava mais do que mil palavras.
— Lembra quando a gente se escondeu naquele velho galp?o atrás da escola? — ela perguntou de repente, com um sorriso nos lábios.
— Quando a gente queria fugir da apresenta??o de dan?a? — ele deu uma risada leve. — Claro que lembro. Você disse que preferia lutar com um urso do que subir naquele palco.
— E você me seguiu. Nem hesitou.
— é claro… Você era minha melhor amiga. Sempre foi.
— E você o meu porto seguro, Leon.
Barbara abaixou o olhar, passando os dedos suavemente pelo cabelo dele.
— Eu me lembro de quando você quebrou o bra?o brigando com aquele idiota que tentou me empurrar da escada. Você ficou duas semanas de gesso… mas n?o reclamou nem por um segundo.
— Eu teria quebrado os dois se fosse por você — ele respondeu, sério, mas com um sorriso de canto.
Barbara se emocionou. As lembran?as vinham com for?a, como se o tempo tivesse congelado. Naquela época, n?o existiam guerras, núcleos, Saqueadores ou Lordes. Só existia eles dois, protegendo um ao outro.
— Leon… eu ainda vejo aquele garoto dentro de você. Ele ainda tá aí. Só precisa lembrar de como ele amava as coisas simples, como o gosto do café da sua avó, ou as tardes jogando videogame comigo.
— Eu queria poder voltar… só um pouco — ele disse, quase num sussurro. — Fugir de tudo isso. Ficar só com você.
Ela sorriu, e seus olhos brilharam com carinho.
— Ent?o vamos fazer isso agora. Fugir. Nem que seja por cinco minutos.
— Como?
Barbara se aproximou, encostando a testa na dele.
— Fecha os olhos.
Leon obedeceu. Ela segurou as m?os dele com for?a e sussurrou:
— Aqui, agora… somos só nós dois. Nada mais importa.
Por alguns instantes, Leon esqueceu das cicatrizes, dos cortes, do veneno que quase o matou. Esqueceu das guerras, dos planos e do peso que carregava. Naquele momento, o cora??o dele bateu em um ritmo que n?o sentia há muito tempo. Pela primeira vez desde que despertou seu segundo núcleo, ele sentiu… paz.
E quando abriu os olhos, encontrou os dela.
— Obrigado por me trazer de volta — ele disse.
— Eu nunca deixaria você se perder.
Eles n?o precisaram dizer mais nada. O sentimento estava ali, vivo. Algo mais forte que destino, mais profundo que qualquer memória.
E mesmo que o mundo estivesse prestes a desabar de novo… naquele instante, estavam salvos. Juntos.
Estufa — Algumas horas depois
O tempo passou devagar naquela madrugada. A luz fraca da lua filtrava pelas vidra?as da estufa, desenhando sombras suaves pelo ch?o de pedras. Leon e Barbara ainda estavam ali, lado a lado, com os dedos entrela?ados e os cora??es em silêncio sincronizado.
Barbara havia adormecido com a cabe?a no ombro dele, respirando tranquila. Leon, por outro lado, observava o céu, como se procurasse respostas entre as estrelas. Pela primeira vez em muito tempo… n?o sentia dor.
Ele olhou para ela, observando a forma delicada com que os cílios dela descansavam sobre a pele. Um calor invadiu o peito dele — um calor que n?o vinha de nenhum núcleo, nem de nenhum despertar… mas da presen?a dela.
Leon sussurrou, mais pra si mesmo do que pra ela:
— Você sempre me puxou de volta… mesmo quando eu n?o queria voltar.
Ele apertou de leve a m?o dela, como um voto silencioso de prote??o.
Horas depois — Sala dos Saqueadores
Barbara acordou primeiro. Viu que Leon ainda dormia sentado, com os bra?os cruzados e a cabe?a levemente caída para o lado. Ela sorriu, beijou a bochecha dele com carinho e saiu em silêncio para preparar algo.
Quando Leon acordou, havia uma bandeja ao lado dele com café, frutas e p?o recém saído do forno. Um bilhete escrito à m?o dizia:
"Você pode ser o guerreiro mais forte do mundo… Mas vai ser sempre o menino que dividia o lanche comigo." — B.
Leon sorriu, aquele sorrisinho que só ela conseguia arrancar. Dobrou o bilhete com cuidado e guardou dentro do bolso do casaco.
Mais tarde — Sala de Treinamento
Os dois treinavam juntos agora quase todos os dias. Ela era rápida e estratégica, e ele… imbatível. Mas quando estavam lado a lado, parecia que o instinto assassino de Leon adormecia. Ele era firme, sim, mas também paciente. Corrigia os movimentos dela com leveza, e em cada troca de olhares, algo florescia mais.
Entre uma pausa e outra, Barbara pegou a m?o dele.
— Eu sei que tudo ainda é pesado… mas quando estiver cansado de segurar o mundo, pode me deixar segurar você, ok?
Leon olhou para ela por um tempo. Ent?o, de forma quase imperceptível, encostou a testa na dela, assim como naquela noite.
— Obrigado por n?o desistir de mim.
— Nunca vou.
E ali, entre os corredores frios da base, dois cora??es se reconectavam. Um elo forjado em memórias, cicatrizes, e um sentimento que nem mesmo a morte conseguiu apagar.
Leon estava voltando. N?o o mesmo de antes… mas com ela, mais completo.
No quarto de Leon — Fim da tarde
A base estava mais silenciosa do que o normal naquele dia. O vento suave balan?ava as cortinas, criando um ritmo tranquilo que contrastava com a agita??o da miss?o iminente. No quarto de Leon, a luz dourada do fim da tarde invadia pela janela, cobrindo o ambiente com um tom quente. A atmosfera estava carregada, mas n?o de tens?o. Era algo diferente. Algo… confortável.
Barbara estava sentada na cama de Leon, olhando pela janela. O olhar dela estava distante, pensativo, mas havia um sorriso discreto nos lábios. Ela mexia nas pontas do cabelo de Leon, que estava deitado de lado na cama, com os bra?os atrás da cabe?a, claramente relaxado.
— Por que está t?o pensativa? — Leon perguntou, seus olhos observando cada movimento dela.
Barbara deu uma risadinha baixa, e, em seguida, desviou o olhar para ele, encontrando seus olhos com a intensidade que sempre a deixou sem palavras.
— Só estava pensando no quanto tudo mudou… desde que você voltou.
Leon se levantou lentamente, sentando-se ao lado dela. As suas m?os, por um instante, se encontraram. O toque foi suave, mas algo nele se acendeu — um calor inexplicável. Ele sempre soubera que Barbara tinha algo especial, mas agora, mais do que nunca, ele sentia a proximidade, o magnetismo. Cada olhar trocado parecia mais intenso, como se o tempo ao redor deles desacelerasse.
— Eu mudei muito… mas você também.
Ela sorriu com uma suavidade rara, sua m?o subindo até o rosto dele, tocando a linha do maxilar de forma quase reverente. A delicadeza daquele gesto foi o suficiente para Leon sentir um frio na barriga — algo que n?o sentia há muito tempo.
Barbara puxou o cabelo dele suavemente, fazendo-o olhar nos olhos dela. Os dois ficaram assim por um momento que pareceu durar uma eternidade. O calor nos corpos deles era palpável, mas n?o havia pressa. Nada que fosse apressado.
— Eu... — ela come?ou, mas foi interrompida pelo olhar de Leon, como se ele entendesse o que ela ia dizer sem que ela precisasse falar.
— Eu também sinto isso… — Leon respondeu, a voz baixa, quase rouca.
Ela se aproximou mais, os dedos tocando a bochecha dele, tra?ando um caminho leve até a mandíbula. A tens?o entre eles estava crescendo de forma quase natural, como algo que estava destinado a acontecer. Ele se inclinou para frente, até que seus lábios quase se tocaram, mas ele parou, o ar entre eles vibrando.
— Está com medo de… — Barbara perguntou, seus olhos brilhando com curiosidade e um leve desafio.
Leon sorriu, um sorriso que só ele sabia fazer — um sorriso descontraído, mas cheio de algo mais profundo.
— N?o... Mas isso é algo que deve acontecer no tempo certo. — Ele tocou a m?o dela, entrela?ando os dedos com a suavidade que apenas ele sabia fazer.
Barbara riu baixinho, inclinando-se para dar um beijo na testa dele. Foi um gesto simples, mas cheio de significado. Ela nunca havia imaginado que depois de tudo, ela se sentiria t?o segura ao lado dele.
Eles ficaram ali, lado a lado, em silêncio, com o peso do mundo fora do quarto, apenas aproveitando o momento. Leon, pela primeira vez desde o seu retorno, sentiu que, por mais que os desafios estivessem à frente, ele n?o estava mais sozinho.
Barbara se aconchegou mais perto, repousando a cabe?a no peito dele. O silêncio reinou mais uma vez, mas agora, havia uma paz silenciosa entre eles — algo que nenhum dos dois estava disposto a interromper. O mundo poderia esperar.
No quarto de Leon, à noite
O som da chuva caía suavemente sobre o telhado, criando uma sensa??o de calma. Dentro do quarto de Leon, a luz suave da lampada de cabeceira lan?ava sombras dan?antes nas paredes. O silêncio era confortável, mas havia algo mais no ar, uma energia sutil, uma tens?o quase palpável entre os dois.
Bárbara estava sentada na beirada da cama, os dedos brincando com a capa de seu casaco. Ela olhava para Leon com um sorriso tranquilo, mas havia algo de diferente nos seus olhos, como se ela soubesse algo que ele ainda n?o conseguia entender completamente.
Leon, que estava de pé perto da janela, olhou para ela. Ele sentia a presen?a dela de uma maneira única, algo que o fazia sentir-se mais leve, mais humano. Havia algo na maneira como ela o olhava, como se fosse capaz de enxergar partes dele que ele nem sabia que existiam.
— Você está diferente, Leon — disse Bárbara, a voz suave, mas cheia de um tipo de intimidade que apenas eles compartilhavam.
Ele se virou para ela, sentindo um calor crescer no peito. Ele sabia que ela se referia à mudan?a nele, n?o apenas fisicamente, mas em sua essência. Havia algo diferente em seu olhar, algo mais... distante. Mas ela ainda o compreendia, ainda via a pessoa que ele sempre fora.
— Eu mudei, n?o mudei? — Leon perguntou, caminhando lentamente até a cama. Sua voz estava mais grave, mais segura, mas ainda carregava uma tristeza sutil. — N?o sou mais quem eu era.
Bárbara balan?ou a cabe?a, seus olhos fixos nos dele. Ela podia ver que ele ainda estava lutando consigo mesmo, com a pessoa que se tornara após tudo o que aconteceu. Mas ela n?o se afastaria dele. Ela nunca se afastaria.
Ela levantou-se da cama, dando um passo na dire??o dele. As m?os de Leon estavam suadas, seus dedos inquietos, mas ao mesmo tempo, ele sentia uma necessidade urgente de estar perto dela, de sentir a familiaridade e o calor de sua presen?a.
— Eu vejo você, Leon — ela sussurrou, estendendo a m?o e tocando suavemente a lateral de seu rosto, como se fosse a coisa mais natural do mundo. — Eu vejo o homem que você ainda é, e n?o importa o quanto você mude, sempre estarei ao seu lado.
A proximidade deles fez o ar entre eles parecer ainda mais carregado de significado. As palavras de Bárbara tocavam algo profundo dentro dele, algo que ele n?o sabia se ainda estava lá. Mas, ao sentir sua m?o delicadamente sobre sua pele, Leon soube que estava. O calor que ela transmitia n?o era só físico, mas algo emocional que o fazia querer ficar ali para sempre.
Sem palavras, Leon se aproximou mais, os olhos fixos nos dela. Ele n?o sabia como explicar, mas ali, naquele momento, ele sentiu algo que n?o sentia há muito tempo. N?o era apenas a conex?o de amigos ou companheiros. Era algo mais forte, mais visceral. A rela??o deles estava se transformando de uma forma sutil, quase imperceptível, mas que ambos sentiam no fundo.
Bárbara, percebendo o que estava acontecendo, n?o hesitou. Ela se aproximou ainda mais, seus lábios a poucos centímetros dos dele. Eles estavam t?o próximos agora que as respira??es se misturavam, quase como se o mundo ao redor tivesse parado de existir. Ela n?o sabia exatamente o que o futuro reservava para eles, mas sabia que n?o importava. Porque, naquele momento, tudo o que ela queria era estar ali, com ele, mais próxima do que nunca.
Levantando a m?o para tocar o peito dele, sentiu o cora??o de Leon bater de forma acelerada, como se ele também estivesse sentindo o peso da mudan?a. Ela sorriu, com os olhos suavemente fechados.
— Leon... — ela sussurrou, a voz mais baixa, mais intimista. — Você n?o precisa carregar tudo sozinho. Eu estou aqui.
Ele n?o respondeu imediatamente, mas a maneira como seu olhar se suavizou, como ele se aproximou mais dela, era resposta o suficiente. Quando suas m?os finalmente se tocaram, foi como se o mundo se aquietasse ao redor deles.
A conex?o entre os dois era palpável. N?o precisavam de palavras, porque o que sentiam um pelo outro ia além delas. Eles estavam ali, compartilhando um momento de silêncio confortável, onde o tempo parecia parar. Só existia o presente, só existiam eles.
Com um movimento suave, Leon a puxou para mais perto, sentindo o calor de seu corpo contra o seu. Eles estavam t?o próximos agora que as batidas de seus cora??es estavam perfeitamente sincronizadas. Sem pressa, sem pressa de nada, os lábios de Leon encontraram os de Bárbara. Aquele beijo n?o foi apressado, n?o foi urgente. Era um beijo cheio de significado, de compreens?o, de afeto.
Quando eles se separaram, n?o havia palavras necessárias. Ambos sabiam o que aquilo significava. Era a primeira vez em muito tempo que Leon sentia algo t?o real, t?o forte. Ele sabia que, apesar de todas as mudan?as que havia enfrentado, ele n?o estava mais sozinho. N?o com Bárbara ao seu lado.
Ela sorria suavemente para ele, seus dedos tocando seu rosto com carinho.
— N?o há mais motivos para ter medo, Leon. Eu estou com você, sempre.
Ele segurou sua m?o com for?a, os olhos agora mais seguros, mais confiantes. Ele sabia que, com ela ao seu lado, ele podia enfrentar qualquer coisa. Juntos, eles enfrentariam o que fosse necessário.
E, por um momento, tudo parecia perfeito. Capítulo 3 — Ato 2: Ca?ada na Escurid?o
Após um tempo da recupera??o emocional de Leon, ele está pronto novamente para ca?ar o Lorde da Escurid?o , ent?o os Saqueadores est?o na hora de come?ar a estudar sobre isso. O clima estava mais denso do que nunca na base dos Saqueadores. O ar carregava o peso de algo iminente. O silêncio de Leon, mais centrado e frio após retornar da morte, era um presságio do que viria a seguir.
— O próximo… — murmurou Leon, com os olhos fixos no mapa holográfico que flutuava no centro da sala de estratégia. — é o Lorde da Escurid?o.
Bárbara cruzou os bra?os ao lado dele. Seu olhar, firme, acompanhava cada palavra com aten??o, enquanto os outros veteranos e amigos observavam em volta.
— Se ele for mesmo mais forte que o Lorde das Sombras, teremos que agir com mais precis?o — disse Kyra "Tempest", manipulando a proje??o para mostrar a área onde a energia do Lorde havia sido detectada: uma cidade devastada e coberta por uma constante penumbra.
— A cidade de Niral — completou Axel "Rastro". — Dizem que ninguém sai de lá desde que ele tomou o controle. é como se a escurid?o engolisse tudo.
— A escurid?o n?o vai engolir a gente — disse Theo, com os punhos cerrados. — N?o depois de tudo que já passamos.
Leon assentiu. Seu tom de voz era baixo, mas carregava uma intensidade quase palpável:
— Ele quase matou a Isabelle... matou a mim... agora, é ele quem vai sangrar.
Davi se aproximou, analisando a regi?o do mapa.
— Mas temos que ser inteligentes. Ele controla sombras, camuflagem, e provavelmente consegue nos ver mesmo que a gente n?o veja ele.
— Por isso vamos dividir em duas equipes — disse Yuki. — Uma ofensiva com Leon, Zeke, Bárbara, Haru e June. A outra, suporte e análise, com Axel, Lian, Nero, Kyra, Luna e os mais jovens.
Zeke “Cicatriz” soltou um sorriso curto.
— Finalmente… ca?ar aquele maldito me parece divertido.
Horas depois, em Niral…
A cidade parecia morta. Prédios cobertos por trepadeiras negras, postes retorcidos como se tivessem sido derretidos, e um céu sem cor. Era como se o tempo tivesse parado e o mundo ali fosse engolido por uma noite eterna.
Os passos dos Saqueadores ecoavam em meio ao silêncio.
— T?o quieto… — sussurrou June “Mirage”.
De repente, uma névoa escura cobriu o ch?o e sombras come?aram a se formar… n?o como simples vultos, mas criaturas deformadas, feitas de escurid?o líquida, com olhos vermelhos e garras que cortavam concreto como papel.
— AQUI VAMOS NóS! — gritou Haru “Fúria”, avan?ando contra uma das bestas com explos?es de energia.
A luta come?ou. A cada sombra derrotada, outras surgiam. Era como enfrentar um exército infinito. Até que, no alto de uma torre partida, uma figura se revelou. Robes negros ondulando com o vento inexistente, olhos brilhando como laminas no escuro. A voz cortou o campo como um trov?o abafado:
— Vejo que o cadáver andante voltou para me desafiar…
Leon olhou para cima. O cora??o calmo. Frio.
— Lorde da Escurid?o…
O Lorde abriu os bra?os. Suas m?os negras formavam lan?as de pura sombra.
— Chegue ent?o… para morrer de novo.
Leon respirou fundo, e em um piscar de olhos, sumiu.
A batalha estava prestes a come?ar… mas desta vez, Leon n?o era mais o mesmo. Capítulo 3 — Ato 2 : Sombra vs Instinto
O corpo de Leon rasgava o vento como um míssil. Em um segundo, ele estava no ch?o. No outro, estava no alto da torre, frente a frente com o Lorde da Escurid?o. O impacto da chegada fez a estrutura tremer.
— Você n?o parece t?o assustador de perto — disse Leon, os olhos brilhando em tons dourados, pulsando com poder.
O Lorde nem se moveu. Apenas sorriu com os lábios frios.
— Eu derrotei você uma vez… mas me divertirei em repetir.
E ent?o ele desapareceu.
Leon sentiu a lamina cortando o ar em dire??o à sua nuca. Instintivamente, girou e bloqueou o ataque com o antebra?o. Mesmo assim, a for?a do golpe lan?ou ele contra o ch?o, rachando as ruas de Niral.
— AHHHH! — gritou Zeke, ativando seu modo brutal. Sua pele endureceu e seus olhos tornaram-se rubros. Ele partiu para cima do Lorde com socos t?o fortes que destruíam as sombras ao redor como se fossem vidro.
O Lorde desviava de tudo. Como se fosse uma fuma?a viva.
— Vocês n?o podem me tocar… eu sou a Escurid?o.
— E eu sou o instinto que vai te rasgar! — berrou Leon, surgindo por trás e atingindo um soco t?o violento que atravessou o Lorde de lado a lado.
O punho de Leon explodiu no flanco do inimigo, esguichando trevas vivas por todos os lados. O Lorde berrou, mas sua sombra regenerava em tempo real. Era como socar um pesadelo feito de gosma e ódio.
Barbara surgiu logo atrás, atirando rajadas de luz que causavam dor no corpo do Lorde, fazendo a carne sombria ferver e se soltar em peda?os.
— Ele sangra! — gritou Haru, pulando no ar e explodindo contra o ch?o em um impacto que fez as ruas tremerem.
Luna e Theo usavam suporte mágico para travar as sombras. Axel e Kyra, em movimento, rasgavam com cortes cirúrgicos. June e Lian usavam ilus?es e ecos para confundir os ataques do Lorde. O time inteiro estava coordenado, sincronizado, em fúria.
Mas o Lorde… come?ou a mudar.
Seu corpo se abriu em centenas de bocas, bra?os e olhos. Ele virou uma criatura gigante, feita de pesadelos sólidos, que agarrava e mordia os Saqueadores com for?a bruta.
Zeke teve o bra?o arrancado.
— GAHHH! — sangue espirrou enquanto ele recuava, rugindo de dor.
Leon, vendo aquilo, ativou mais for?a, liberando o segundo núcleo com todo o foco. Sua aura virou um furac?o dourado e preto, olhos acesos como faróis na escurid?o.
Ele se moveu t?o rápido que o tempo pareceu parar.
Em um único golpe, ele atravessou o peito do Lorde da Escurid?o, fazendo a criatura voltar à forma humanoide, cuspindo sangue negro.
O corpo do Lorde rasgou do est?mago até as costas, derramando sombra líquida como entranhas queimando, e ele caiu de joelhos.
Mas antes de morrer… ele sorriu.
E ent?o — desapareceu em uma explos?o de fuma?a.
Todos ficaram em silêncio. Sangue, membros partidos, ferimentos por todo lado. Zeke estava desacordado. Leon, de joelhos, arfava, com as m?os cobertas de trevas e o rosto sujo de sangue.
Barbara correu até ele e o abra?ou por trás.
— Você conseguiu de novo...
Leon n?o disse nada. Apenas manteve o olhar no lugar onde o Lorde caiu.
— Ainda n?o acabou. Capítulo 3 — Ato 2 (continua??o): O Eclipse dos Dois Lordes
Leon ainda respirava pesado. O sangue seco em seu rosto, a aura pulsante ao redor. O silêncio após o desaparecimento do Lorde da Escurid?o era quase estranho. Todos estavam tensos… até que algo sussurrou no vento.
— Você realmente achou... que seria t?o fácil?
Um arrepio cortou o ar.
SHLACK!
Um som cortante, familiar e cruel, rasgou o ar atrás de Leon. O Lorde da Escurid?o havia reaparecido — com a mesma lamina venenosa com a qual o havia “matado” semanas atrás. Ele avan?ou para finalizar o golpe.
Mas desta vez, Leon desviou.
Num giro de velocidade insana, ele agarrou o bra?o do Lorde e o lan?ou contra um prédio, explodindo a estrutura em uma chuva de entulho.
— N?o de novo — rosnou ele, os olhos queimando com a fúria do instinto.
Antes que pudessem reagir, o céu se partiu em silêncio.
Uma presen?a maior que a própria atmosfera caiu do alto — como um deus em queda.
BOOOOM!
O ch?o rachou, as nuvens se dissiparam com a for?a do impacto, e o Lorde das Trevas surgiu diante deles. Alto, esguio, com uma aura t?o densa que parecia dobrar a realidade. Ele n?o disse uma palavra. Apenas sorriu com desprezo.
— Agora sim... isso fica interessante — murmurou Axel.
Leon girou, pronto para enfrentar os dois.
Mas o Lorde das Trevas moveu-se como um relampago. Seu soco acertou o peito de Leon com uma for?a brutal, o lan?ando centenas de metros longe — atravessando concreto, a?o e vidro.
O impacto quebrou costelas, perfurou órg?os, e fez o sangue jorrar pela boca de Leon antes mesmo de atingir o ch?o. A queda fez a terra tremer.
— LEON! — gritou Barbara, indo atrás.
— Vocês ficam comigo. — A voz do Lorde da Escurid?o cortou o caminho dela, bloqueando os Saqueadores.
Agora estava claro:
Leon VS Lorde das Trevas. Saqueadores VS Lorde da Escurid?o.
Leon se ergueu com dificuldade. Estava todo quebrado. O Lorde das Trevas surgiu caminhando lentamente, cada passo ecoando como um trov?o no cora??o de Leon.
— Você n?o passa de uma fagulha. Um lampejo tolo em um mundo de escurid?o eterna.
— E você fala demais.
Eles colidiram.
Explos?es de energia devastavam a cidade ao redor. Cada soco de Leon partia prédios ao meio. Cada chute do Lorde fazia a terra se dobrar. Eles eram como trov?es vivos em combate, mas aos poucos, Leon come?ava a perder ritmo. Os golpes ficavam mais lentos. Sua respira??o mais pesada. O Lorde das Trevas n?o parecia cansar.
Com um chute giratório, o Lorde esmagou o ombro de Leon, quebrando o osso. Sangue espirrou.
— Você é forte… mas ainda está longe.
Com um soco final no est?mago, Leon foi jogado de costas, tossindo sangue, os olhos semi-abertos.
Foi ali… que o calor dentro dele explodiu.
Um raio de energia dourada e negra rompeu o céu.
O Terceiro Núcleo foi ativado.
Mas algo diferente aconteceu…
Em vez de levantar, Leon desapareceu.
Como se tivesse sido arrancado da realidade. Um flash. Um vazio. E ele se foi.
O Lorde das Trevas ficou em silêncio.
— …Ele sumiu?
O olhar dos Saqueadores também parou.
Barbara sentiu o cora??o parar por um segundo.
— …Leon?
Silêncio.
Capítulo 3 — Ato 3: A Escurid?o Restaura Seu Trono
A energia ainda dan?ava no ar, vibrando como um trov?o distante. O ponto onde Leon desapareceu permanecia incandescente por segundos... até se dissipar completamente. Nada. Nem tra?o de sangue, nem rastro de vida. Apenas o vazio.
Barbara caiu de joelhos, os olhos arregalados, a respira??o descompassada.
— …Ele sumiu — sussurrou ela, como se repetir aquilo fizesse o mundo entender.
Axel, com os punhos cerrados, gritou de raiva:
— MERDA! ELE SUMIU!
O Lorde das Trevas virou-se lentamente para os Saqueadores, agora sem seu principal trunfo. Mas para a surpresa de todos... ele n?o atacou.
Com um olhar de desprezo e tédio, ele limpou a poeira de sua m?o.
— Já vi o suficiente.
E num redemoinho sombrio e silencioso, desapareceu, deixando apenas uma marca negra queimando no solo.
O peso da sua presen?a desapareceu junto… mas o alívio foi breve.
Porque o Lorde da Escurid?o ainda estava ali.
Ele caminhou lentamente entre os escombros, girando a lamina em m?os, com um sorriso deformado no rosto.
— Agora que o “herói” sumiu… posso brincar um pouco com vocês.
Kyra estalou os dedos, invocando uma tempestade de relampagos sobre os céus.
— Vocês ouviram ele. Vamos mostrar que o Leon n?o era o único monstro aqui.
Axel, June, Haru, Lian, Nero, Zeke e os mais jovens — Isabelle, Theo, Luna, Davi,Yuki e Bárbara — se posicionaram como um verdadeiro exército.
O Lorde da Escurid?o riu.
— Perfeito. Agora vamos ver… quem vai ser o próximo a desaparecer.
A batalha come?ou.
O Lorde da Escurid?o era rápido, brutal, e impiedoso. Seus cortes rasgavam concreto, deixavam feridas profundas e espalhavam uma energia maligna que queimava como ácido. Zeke teve o bra?o rasgado de relance. Lian foi lan?ado contra um carro, quebrando diversas costelas. Fúria teve que segurar o Lorde com um golpe corpo-a-corpo, sangrando pela boca enquanto o detinha por segundos.
Mas juntos… eles resistiam.
Barbara, mesmo abalada, lutava com raiva, movida pelo amor que sentia por Leon. Seus socos acertavam com precis?o, e sua aura pulsava com uma fúria rara. Isabelle usava sua inteligência para criar aberturas, e Theo e Luna lutavam em sincronia com o time.
Era uma guerra.
Sangue voava a cada golpe. Os olhos de Nero sangravam após um ataque direto de energia. Haru vomitou sangue após receber uma joelhada no abd?men. Os escombros estavam tingidos de vermelho. Os gritos, o som de ossos quebrando, laminas cruzando carne... tudo se misturava num caos orquestrado.
E mesmo assim… eles n?o recuavam.
Até que o Lorde da Escurid?o foi ferido de verdade.
Um combo coordenado entre Axel, Zeke e Barbara fez com que ele fosse lan?ado no ar, e uma descarga combinada de energia atingiu seu peito, abrindo um buraco profundo em sua armadura e rasgando parte de seu abd?men.
Ele caiu de joelhos. Riu. E ent?o… desapareceu.
N?o fugindo. Planejando.
Os Saqueadores ficaram em silêncio.
O ch?o estava coberto de sangue, corpos caídos, e a presen?a de Leon... ausente.
Yuki olhou para o céu, ofegante, os olhos se estreitando.
— Onde você foi parar, Leon...
Barbara limpou o rosto com o antebra?o, se levantando mesmo com o corpo quebrado.
— Onde quer que esteja… volta logo. A gente ainda precisa de você.
Silêncio absoluto.
Nem vento, nem ch?o, nem som. Apenas uma escurid?o infinita que engolia tudo ao redor. E ali, flutuando no centro do nada... Leon.
Seus olhos estavam abertos, mas n?o havia luz neles. Seu corpo parecia intacto, mas ele n?o sentia nada — nem dor, nem calor, nem frio. Era como se sua existência tivesse sido colocada em pausa.
Até que uma faísca atravessou sua mente.
"Você usou o Terceiro Núcleo, Leon."
Uma voz ecoou em sua mente. Antiga. Fria. Mas com um estranho tom de familiaridade.
Leon piscou. Um ambiente come?ou a se formar ao redor — uma imensid?o de espelhos flutuantes, todos mostrando cenas diferentes: batalhas que ele travou, momentos com Barbara, risadas com Isabelle, treinos com Yuki, até mesmo conversas bobas com Theo e Luna.
Mas algo estava errado.
Em cada espelho, Leon estava diferente. Alguns mostravam ele com os olhos totalmente negros, outros com chamas saindo do corpo, outros... com express?es completamente sem alma.
E ent?o, um reflexo tomou forma na frente dele.
Era ele mesmo — mas mais velho. Mais forte. Mais sombrio. Mais vazio.
— Bem-vindo ao Núcleo Interior, Leon — disse sua própria vers?o. — Aqui, você confronta o que vai se tornar… ou o que teme ser.
Leon cerrou os punhos, sentindo, pela primeira vez ali, peso.
— O que é esse lugar?
— O limbo entre a morte e o renascimento. Cada vez que você usa um núcleo, você se reconstrói. Melhor. Mais forte. Mais rápido. Mas também… menos humano.
Leon olhou ao redor, e os espelhos come?aram a estilha?ar, um por um, soltando rajadas de energia que invadiam seu corpo como choque.
— Por que eu ainda sinto dor? — gritou ele, ajoelhando-se.
— Porque ainda tem algo que você quer proteger — respondeu o reflexo. — Isso é o que te diferencia... por enquanto.
As rajadas pararam. O reflexo sumiu. E apenas uma porta negra apareceu diante de Leon.
No centro dela, uma marca pulsava: o símbolo de três núcleos brilhando como brasas.
Leon se aproximou. Respirou fundo.
— Eu n?o sou uma arma.
Silêncio.
— Eu sou a bala que vai atravessar cada maldito Lorde até que n?o reste nenhum.
Ele encostou a m?o na porta.
Explos?o de luz.
O mundo tinha mudado sem ele.
A dor ainda era sentida. As feridas, cicatrizadas por fora, mas abertas por dentro. O grupo inteiro estava devastado. Uns tentavam manter a postura, outros apenas se calavam… esperando.
Até que, em meio à noite, os sensores da base detectaram uma presen?a enorme surgindo do céu.
Um raio de luz azul caiu com violência no centro da base. Alarmes dispararam. Todos correram para fora.
E ali, entre a fuma?a... estava Leon.
Mas diferente.
Cabelos mais longos. Corpo mais denso. Olhos acesos com uma luz dourada. Um manto de energia envolvia sua pele, como se o próprio universo o protegesse.
Barbara levou a m?o à boca.
— Leon...?
Ele abriu os olhos devagar. Olhou para ela. Depois para os amigos.
E ent?o disse:
— ...Hora de terminar o que come?amos.